Representantes da Assessoria de Energias Renováveis da Itaipu, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e da Diretoria de Transferência Tecnológica da Embrapa fecharam no início deste mês de outubro, em Foz do Iguaçu, uma parceria para tornar a região da Bacia do Paraná 3 referência nacional em tecnologias e metodologias para redução de gases do efeito estufa.
As ações darão sustentação ao Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal, que prevê a redução de até 39% dos gases responsáveis pelo aquecimento global até 2020, ou cerca de 1 bilhão de toneladas equivalentes de gás carbônico.
Além disso, a Embrapa disseminará o uso energético do biogás no Brasil, difundindo as experiências e tecnologias desenvolvidas pela Assessoria de Energias Renováveis por meio de 46 centros de pesquisa espalhados pelo território nacional. As unidades de demonstração de geração distribuída com biogás devem se constituir em Unidades Tecnológicas de Referência (UTRS) da Embrapa.
O objetivo da parceria é estabelecer, a médio prazo, um convênio de abrangência nacional. Pesquisadores de distintas áreas da Embrapa devem vir ao PTI para compor os grupos de trabalho e participar das oficinas de elaboração de projetos. Até a próxima semana, um comitê gestor deverá ser nomeado com representantes das duasgrandes estatais, que se unem para promover o desenvolvimento rural.
“Vamos identificar capacidades comuns para ações estruturais em áreas como água, solo, clima, energia e sistemas produtivos”, destacou o diretor de Transferência Tecnológica a Embrapa, Waldyr Stumpf Júnior. O esforço de inovação e pesquisa será realizado principalmente na área de um milhão de hectares que configura a Bacia do Paraná 3. Aprimeira leva de projetos será focada na conservação de solos, visando a qualidade do plantio direto e a fixação de nitrogênio. Além disso, serão potencializadas a geração de energia a partir da biomassa florestal e a utilização de sedimentos e efluentes orgânicos para produção de biogás.
Outros temas de interesse estão relacionados à energia com microalgas, produção de proteína nas águas e à obtenção do hidrogênio no meio rural a partir da reforma do metano. Ações relacionadas à gestão das águas, à administração territorial por georeferenciamento e à comunicação popular para informar as comunidades também serão desenvolvidas.
Aplicações – A falta de madeira na região oeste do Paraná e em várias regiões do Brasil para secagem de grãos é um problema que afeta o desenvolvimento do agronegócio e de comunidades rurais. O problema do “apagão florestal” poderia ter uma solução justamente no uso do biogás para substituir a lenha, ou em plantar florestas especificamente com o objetivo de gerar energia. “Com esta parceria, a Embrapa passa a ter uma importantíssima conexão com o setor elétrico, o que é vital para o desenvolvimento rural do País. Muitas oportunidades poderão ser criadas a partir deste convênio”, assinalou o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley Júnior.
Após a visita ao Condomínio de Agroenergia para a Agricultura Familiar do Ajuricaba, localizado em Marechal Cândido Rondon, Waldyr Stumpf Júnior salientou a importância do projeto e a replicabilidade das tecnologias ali aplicadas, como o biodigestor de pequena vazão, o gasoduto rural, o motor para a geração de energia elétrica e o secador de grãos a biogás. “Vamos levar este modelo e experiência para outras regiões do Brasil, possibilitando ao produtor rural mais uma renda em sua atividade. O biogás poderá ser considerado um produto do setor rural”, destacou.
A Embrapa conta hoje com 2.400 pesquisadores, distribuídos em 47 unidades que atuam como centros de serviços e seus 1.200 projetos se desdobram em milhares de ações de pesquisa. As ações de maiores impactos são expostas em 25 vitrines tecnológicas localizadas em distintos pontos do território brasileiro. Uma nova vitrine poderá serdesenvolvida na Bacia do Paraná 3.