O setor de energia eólica comemora, neste Dia Mundial do Vento, 15 de junho, a marca de 16 GW de capacidade instalada de energia eólica, com 637 parques eólicos e mais de 7.700 aerogeradores. Essa infraestrutura gerou, no ano passado, 55,9 TWh de energia, representando um crescimento de 15% em relação à geração do ano anterior. A energia gerada, na média mensal, é suficiente para abastecer 28,8 milhões de residências por mês, o que significa uma população de cerca de 86 milhões de pessoas. Desde o ano passado, a energia eólica é a segunda fonte da matriz elétrica brasileira.
Em média, no ano passado, 9,7% de toda a geração injetada no Sistema Interligado Nacional veio de eólicas, sendo que elas já chegaram a abastecer 17% do País em momentos de recorde nos meses que fazem parte do período chamado de “safra dos ventos”. No ano passado, a indústria eólica investiu R$ 13,6 bilhões no Brasil, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance (BNEF). Em 2020, o Brasil subiu mais uma posição no Ranking Mundial do GWEC (Global Wind Energy Council) chegando à sétima posição. Em 2012, o país estava na 15º posição.
O eficiente desenvolvimento da indústria eólica no Brasil pode ser explicado pela ótima qualidade dos ventos brasileiros e também pelo forte investimento das empresas que, nos últimos dez anos, construíram uma cadeia produtiva nacional para sustentar os compromissos assumidos e o enorme potencial de crescimento desta fonte de energia no Brasil. No que se refere à qualidade dos ventos, importante citar que o Brasil tem um fator de capacidade (dado que mede a produtividade dos ventos) acima da média mundial. No ano passado, por exemplo, o fator de capacidade médio mundial foi de 34%, enquanto no Brasil foi de 42,7%, sendo que chegamos a registrar mês de média com 59% durante a safra dos ventos.
“Todos estes números positivos mostram não apenas um setor consolidado, mas demonstram que a energia eólica tenha um futuro promissor no Brasil. A energia produzida pelos ventos é renovável; não polui; possui baixíssimo impacto ambiental; contribui para que o Brasil cumpra o Acordo do Clima; não emite CO2 em sua operação; tem um dos melhores custos benefícios na tarifa de energia; permite que os proprietários de terras onde estão os aerogeradores tenham outras atividades na mesma terra; gera renda por meio do pagamento de arrendamentos; promove a fixação do homem no campo com desenvolvimento sustentável; gera empregos que vão desde a fábrica até as regiões mais remotas onde estão os parques e incentivam o turismo ao promover desenvolvimento regional”, resume Elbia Gannoum, Presidente Executiva da ABEEólica.
Novas contratações e pandemia
Até 2024, o Brasil terá pelo menos 24 GW de capacidade instalada de energia eólica. “Dizemos ‘pelo menos’, porque esse é o valor considerando apenas leilões já realizados e contratos firmados no mercado livre. Com novos leilões, este número será maior. E é muito importante considerar a importância que o mercado livre vem tomando para o setor. Em 2018 e 2019, por exemplo, foram os primeiros anos em que a contratação foi maior no mercado livre do que no regulado. No que se refere à novas contratações, tenho recebido muitas perguntas sobre o impacto da pandemia no setor. É claro que haverá um impacto, porque a queda de demanda foi grande e isso deve impactar os próximos leilões do mercado regulado, mas ainda acho cedo para falar em números deste impacto, porque o mercado livre se movimenta rápido e tem crescido muito. Isso pode fazer muita diferença para as eólicas. E, mesmo nos leilões regulados, sabemos que as eólicas tendem a ter um papel importante pela sua competitividade e pelo que sinaliza o PDE 2029. Sabendo que sim haverá um impacto, convém aguardar um pouco mais, estudar como virá a revisão do PDE e principalmente analisar a movimentação do mercado livre”, analisa Elbia Gannoum.
Recuperação econômica, pós-pandemia e transição energética
O GWEC (Global Wind Energy Council) lançou, há algumas semanas, o documento “Energia eólica: um pilar para a recuperação da economia global – Reconstruindo melhor para o futuro”. No manifesto, o Conselho apresenta argumentos sobre o poder de investimento da eólica, com criação de empregos e efeitos positivos para as comunidades e para o desenvolvimento tecnológico. Além disso, o GWEC apresenta ações que podem ser tomadas pelos governos para garantir que, no “day after” dessa pandemia, os esforços para reconstrução e retomada da economia possam acontecer de forma a contribuir para termos uma sociedade mais justa e sustentável.
“Considero que esta seja uma discussão imprescindível. A pandemia está abrindo ainda mais os olhos da humanidade para o inadiável combate ao aquecimento global. E, nesse processo, as fontes que não emitem gases de efeito estufa e apresentam benefícios sociais, econômicos e ambientais, como é o caso da eólica, são nossa melhor aposta para quando chegar o momento da retomada econômica. No caso do Brasil, a boa notícia é que temos como uma das suas principais vantagens comparativas em relação a uma grande maioria dos países o fato de sermos uma potência energética com uma grande diversidade de energias limpas e, no caso das eólicas, tem ainda o fato de que o Brasil tem um dos melhores ventos do mundo, o que significa energia muito competitiva”, explica Elbia.
“Nos variados eventos virtuais de que tenho participado uma pergunta costuma surgir com alguma frequência e tem a ver com uma preocupação de que a pandemia poderia parar a transição energética ou mudar seu rumo. Não acredito que isso possa acontecer. O histórico de desenvolvimento das energias renováveis no mundo, com queda de custos e expansão da tecnologia, nos leva à conclusão que de que a pandemia pode até diminuir a velocidade da transição energética a curto prazo, porque houve uma grande queda de demanda, mas que não haverá mudança de rumo. As renováveis já são mais baratas em muitos mercados e seguiremos no caminho da transição energética”, resume Elbia.