Para o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Walter Belik, o Brasil precisa melhorar a fiscalização de produtos agropecuários tanto de comercialização interna quanto os vendidos ao exterior. ‘Parece que na exportação estão modificando a inspeção de alimentos nos portos. E isso é fundamental para garantirmos a qualidade de nossos produtos’, declarou Belik nesta quinta-feira, 10, durante o Fórum Estadão – Brasil Competitivo: ‘A Sustentabilidade do Campo II’.
Questionado sobre como o Brasil pode lidar melhor com as diferenças sanitárias entre os países em um cenário de demanda forte por alimentos, o especialista comentou que o País tem de continuar seguindo a regulamentação internacional, o Codex Alimentarius. ‘Não podemos ultrapassar isso, até porque temos regiões de fronteiras. O que acontece, às vezes, é que há uma comercialização clandestina de produtos veterinários que deixam resíduos nos animais, no gado por exemplo. E aí que entra a fiscalização, que não pode permitir o uso desses remédios e má qualidade’, informou.
Fiscal único
O diretor executivo da Procomex – Aliança Pró-Modernização Logística de Comércio Exterior, John Edwin Mein, afirmou em sua apresentação no fórum que o problema da falta de fiscais que existe hoje no País atinge também as fronteiras e os portos. Segundo ele, o sistema atual exige a presença de vários técnicos de diferentes áreas do governo para realizar a exportação ou importação de produtos. ‘A solução seria um único representante do governo na fronteira para liberar tudo. É assim que funciona na Suécia, por exemplo’, declarou.
Ele ressaltou, porém, que isso só é possível se for criada uma relação de confiança. Segundo ele, para cada dia adicional que um produto demora a ser despachado para o exterior há um aumento de 0,84% no custo da mercadoria. Conforme ele, o Brasil leva, em média, 17 dias para embarcar um produto, enquanto na Europa o prazo é de três dias, em média.
Mein ainda informou que, desde dezembro de 2013, há um pedido na Casa Civil para criação de uma janela única do governo nas fronteiras. ‘Um lugar único onde podemos interagir com o governo ao invés de vários atores, pleito este já com o aval do secretário da Receita Federal e do ministro da Fazenda. Mas a sociedade precisa fazer pressão, senão ela não sai’, disse, ressaltando que a medida proporcionaria a modernização dos processos nos portos.