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EXPORTAÇÃO

Brasil se destaca no comércio com a China, mas enfrenta desafios para diversificar exportações

3D  rendering of the Earth surrounded by cardboard boxes, a cargo container ship, a flying plain, a car, a van and a truck
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O comércio brasileiro se encontra em uma posição singular, se destacando principalmente no mercado chinês. Exceto pela China, o Brasil não figura entre os principais fornecedores dos outros nove maiores importadores globais.

Apesar dos recordes de exportação e superávit alcançados em 2023, o Brasil ainda mantém uma presença relativamente modesta como fornecedor nos dez principais destinos de importação do mundo, exceto pela China, onde figura entre os dez principais países de origem das importações. Em relação aos demais destinos, o Brasil geralmente está classificado abaixo da 14ª posição. Em 2023, houve um avanço no ranking dos maiores exportadores apenas em três dos dez maiores importadores globais: China, Japão e Reino Unido. Na China, especificamente, subiu do nono para o sétimo lugar. Entretanto, em quatro dos dez principais destinos – Estados Unidos, o maior importador mundial, Coreia do Sul, Índia e Itália – os produtos brasileiros perderam posições.

China é o segundo maior importador do mundo

Os dados sobre a posição brasileira nos diferentes destinos são fornecidos pelo governo ou por agências de estatísticas dos respectivos países, com base no ranking dos maiores importadores em 2022. De acordo com informações do governo chinês, em 2023, as importações chinesas provenientes do Brasil totalizaram US$ 122,4 bilhões, um aumento de 11,8% em relação a 2022. Enquanto isso, o total das importações chinesas diminuiu 5,9% no mesmo período. Como resultado, a participação brasileira no total das importações chinesas aumentou de 4% para 4,8%. A China é o segundo maior importador do mundo, e há uma década, a participação brasileira nas importações chinesas era de 2,8%.

Em relação às vendas para os Estados Unidos, o Brasil perdeu uma posição e caiu para o 18º lugar na lista de maiores fornecedores. No entanto, a participação dos produtos brasileiros nas importações dos EUA permaneceu estável, em 1,2%.

José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), atribui esse cenário à concentração das exportações brasileiras, sendo a China o principal destino. Em 2023, os chineses absorveram 30,7% de todas as exportações brasileiras, enquanto os Estados Unidos, o segundo maior destino, ficaram consideravelmente atrás, com 10,9%.

O superávit comercial alcançado no ano passado foi em grande parte resultado da redução das importações brasileiras, tanto na balança total quanto nas trocas comerciais com a China. No que diz respeito aos saldos comerciais, a China desempenhou um papel significativo, gerando um superávit de US$ 51,2 bilhões nas transações comerciais com o Brasil em 2023, contribuindo para o saldo positivo recorde na balança comercial total brasileira, que atingiu US$ 98,9 bilhões. Por outro lado, as trocas comerciais com os Estados Unidos resultaram em um déficit de US$ 1 bilhão.

México assumiu a posição de maior fornecedor para os Estados Unidos

Dados do governo americano indicam que, em 2023, o México assumiu a posição de maior fornecedor para os Estados Unidos, substituindo a China. Isso se deveu a um movimento de realocação de produção por parte dos EUA e pode limitar as oportunidades de expansão do Brasil no mercado americano.

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O aumento da participação brasileira no mercado chinês está principalmente relacionado à demanda por commodities, nas quais o Brasil possui vantagens comparativas significativas. Produtos como soja, minério de ferro, petróleo e carnes representam uma parcela substancial das exportações brasileiras para a China. Em 2023, os chineses foram responsáveis por adquirir 73% de toda a soja exportada pelo Brasil, além de 64% do minério de ferro e 47% do petróleo bruto, totalizando 75% do valor das exportações brasileiras para o país asiático.

Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), destaca que a valorização das commodities, impulsionada por diversos eventos desde 2021, também contribuiu para o aumento da participação do Brasil no mercado chinês durante 2021 e 2022, apesar de uma certa estabilização dos preços no ano seguinte.

Por outro lado, há uma demanda crescente por produtos manufaturados e serviços de alta tecnologia em outros países, o que não reflete a realidade das exportações brasileiras, exceto por algumas áreas específicas, como a fabricação de aeronaves. Enquanto os Estados Unidos possuem uma pauta de exportação mais diversificada do que a China, competindo diretamente com o Brasil em produtos como grãos, carnes e petróleo, a diversificação da pauta exportadora brasileira para incluir produtos de maior valor agregado poderia abrir portas para uma participação mais significativa em mercados com atividades econômicas mais complexas.

No entanto, alcançar uma pauta exportadora mais diversificada apresenta desafios, pois isso requer investimentos em setores industriais mais exportadores e uma variedade de produtos que permitam ao Brasil se integrar às cadeias globais de produção. Os dados indicam que a participação brasileira nas importações de países como Coreia do Sul e Alemanha permaneceu estável, refletindo a dificuldade em aumentar a presença em mercados com atividades econômicas mais sofisticadas.