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Cai o número de focos da ferrugem da soja no Brasil

A diminuição do número de casos no Brasil ocorreu mesmo em um ciclo em que a doença apareceu mais cedo do que costuma ocorrer, afirma Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja

Cai o número de focos da ferrugem da soja no Brasil

Ferrugem no Brasil

Na safra 2022/23, que está em fase final de colheita, o Brasil registrou 295 casos de ferrugem asiática, a doença que mais causa perdas às lavouras de soja no país. O número de ocorrências foi menor do que o do ciclo anterior, quando surgiram 573 focos, segundo dados do Consórcio Antiferrugem.

A diminuição do número de casos no Brasil ocorreu mesmo em um ciclo em que a doença apareceu mais cedo do que costuma ocorrer, afirma Cláudia Godoy, pesquisadora da Embrapa Soja. A “precocidade” da doença é um fator de preocupação.

“O número total de casos geralmente é subestimado, e por isso não há tanta preocupação com os dados finais. O mais importante são as primeiras ocorrências, que nesta safra 2022/23 apareceram mais cedo que o normal”, diz a pesquisadora. Segundo ela, os primeiros registros de ferrugem na soja aconteceram em dezembro do ano passado, nas lavouras de Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O ideal seria a confirmação dos episódios apenas em janeiro.

A pesquisadora lembra que o clima úmido é propício para o surgimento da ferrugem nas lavouras. Neste ciclo, as chuvas foram mais frequentes em algumas partes do Centro-Sul, mesmo com o clima sob influência do La Niña, que geralmente reduz o volume de precipitações na região.

“O clima favorável para a soja facilita também o surgimento da ferrugem. Com o alongamento de ciclo da cultura e o excesso de chuva no início do ano em áreas do Paraná, o produtor não conseguiu fazer um intervalo para a aplicação de fungicida”, diz a pesquisadora. No Paraná, segundo maior produtor nacional da oleaginosa, o Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná) criou a rede Alerta Ferrugem da Soja.

O serviço realiza um levantamento dos esporos que causam a doença e propõe ações preventivas, que têm como objetivo impedir a presença do fungo nas plantas. O IDR instalou 230 coletores de esporos em 128 municípios paranaenses nesta safra.

Edivan José Possamai, coordenador estadual do Projetos Grãos Sustentáveis do IDR-Paraná, diz que, com seca da temporada 2021/22, quando o Estado ficou até 60 dias sem chuva na época de plantio, a doença afetou as lavouras de maneira mais severa no ciclo 2022/23. Com isso, o Consórcio Antiferrugem contabilizou 83 casos nesta temporada. No ano passado, foram 18.

Apesar disso, Possamai afirma que as perdas causadas pela doença nas lavouras foram muito pontuais. “Não há como dizer um número concreto sobre todo o Estado, mas em algumas regiões as perdas pela ocorrência de ferrugem não chegaram a 10%. Tanto é que a produtividade será uma das maiores da história”, acrescenta.

Para a safra 2022/23, o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) estima que o rendimento das lavouras de soja paranaenses será de 3.845 quilos por hectare, média superior à do ciclo anterior, quando foi de acima dos 2.164 quilos por hectare. O desempenho deve fazer com que o Estado tenha produção recorde, de 22,2 milhões de toneladas, um volume 82% superior ao de 2021/22.

Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática foi identificada no Brasil pela primeira vez em 2001. Segundo a Embrapa, a doença pode causar perda de produtividade nas lavouras de até 90%. Estima-se que o custo médio para controle da doença no país é de US$ 2,8 bilhões por safra.