Mais de 30 mil poedeiras morreram em Bastos (SP), cidade que tem a maior produção de ovos do estado de São Paulo, devido às altas temperaturas registradas nos últimos dias.
De acordo com o portal de notícias G1, que cobre notícias da região, em uma das granjas do município, que tem um plantel de 800 mil aves, produtores relataram que 30 mil morreram por causa do calor. Em outra, de 35 mil, pelo menos 5 mil galinhas perderam a vida pelo mesmo motivo.
Os avicultores disseram ao portal que nunca vivenciaram um calor tão forte que durou por tanto tempo na cidade.
Segundo o Inmet, Bastos registrou temperaturas acima de 40ºC nesta semana, chegando a atingir 41,4ºC no sábado (3). A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a umidade ideal é entre 60% e 80%, mas a cidade chegou a ter índices bem reduzidos, ficando abaixo de 9% de umidade em alguns momentos.
Segundo o avicultor e veterinário Sérgio Kakimoto, a temperatura ideal para as aves é de 28ºC. “Elas suportam um calor de até 39ºC, esse é o limite na sensação térmica, mas tem feito mais de 40ºC, então elas não estão aguentando”, explica.
Por causa disso, os produtores relataram que as galinhas estão se alimentando menos e bebendo mais água, o que faz elas botarem ovos menores e em menos quantidade.
A morte de milhares de galinhas em Bastos não foi um fato isolado e já tem reflexos sobre a oferta local, revela o Globo Rural. Segundo a pesquisadora do Cepea, Juliana Ferraz, as granjas da região têm registrado quedas de 10% a 20% na produção, com impacto sobre as cotações que balizam o mercado nacional e calculadas pelo Centro de Estudos.
“Com a menor oferta de ovos no mercado, em especial os maiores, o preço tem se elevado. A mortandade de poedeiras vermelhas tem sido maior, porque são galinhas mais sensíveis, isso pode elevar com maior intensidade os preços dos ovos vermelhos nos próximos dias e até impactar na produção e oferta futura”, explica a pesquisadora. Além da morte dos animais, o calor reduz a produtividade, com efeito sobre a oferta nacional.
As granjas de Bastos comandam 36% da produção do estado, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Com a produção menor, os produtores informaram que o preço do produto deve subir nos próximos dias.
Para tentar amenizar o calor e, consequentemente, o prejuízo, os avicultores estão jogando água com um produto à base de eucalipto nas galinhas. Porém, segundo o veterinário Sérgio Kakimoto, é preciso ter cuidado com o vapor que esse sistema pode gerar.
“A combinação do forte calor e da baixa umidade relativa do ar, que chegou a 9% em alguns dias, tem sido fatal para as galinhas. E a ventilação nem sempre funciona porque o ar quente pode sufocar as aves”, comenta.
“A nebulização com a água deve ser feita de forma controlada , tanto a quantidade quanto o tempo, porque se exagerar cria uma câmara de vapor que também é prejudicial”, completa Sérgio.
Ainda segundo o criador de frangos, a morte de tantas galinhas não acontecia desde 2012. Na época, as aves morreram em um único dia de muito calor, dessa vez o problema se arrasta há pelo menos uma semana, desde o início da onda de calor na região.