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Análise econômica

Carne suína brasileira pode se beneficiar de tensão entre EUA e China

A avaliação é de Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

Carne suína brasileira pode se beneficiar de tensão entre EUA e China

A tensão comercial entre os Estados Unidos e a China pode ser um alento para o mercado de carne suína brasileira. A avaliação é de Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Ele pondera, contudo, que é ilusão acreditar que o Brasil possa substituir os EUA na exportação de carne para o mercado chinês.

Conforme publicação do site Dinheiro Rural, a disputa comercial entre os Estados Unidos e a China está reduzindo o fluxo de soja, carne suína e outras commodities das fazendas dos EUA para a China. Desde o início de abril, quando a China anunciou tarifas de importação sobre alguns produtos agrícolas dos EUA e ameaçou tarifar outros, importadores chineses cancelaram compras de milho e reduziram pedidos de carne suína enquanto diminuíram drasticamente novas compras de soja, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Novos pedidos por parte dos importadores chineses de sorgo, grão usado na alimentação animal, também caíram enquanto os cancelamentos aumentaram. De acordo com Marcelo Lopes, estima-se que a importação total de carne suína pela China em 2018 deva recuar ao redor de 7%, em função do aumento da oferta interna do produto.

“A expectativa de que a taxação chinesa sobre os EUA vai nos beneficiar é plausível, pois já temos protagonismos junto ao mercado chinês”, comenta. O presidente da ABCS, no entanto, observa que a carne que os EUA deixarão de vender para China poderá ser destinada a outros países nos quais o Brasil tem participação.

“Recentemente a Argentina, que no ano passado representou 5% de nossa exportação, e tem crescido sua demanda por carne suína significativamente nos últimos anos, anunciou que voltará a comprar carne suína dos EUA depois de 26 anos”, ilustrou Marcelo Lopes.

Ele avalia, além disso, “que o comércio internacional é uma via de duas mãos: para você vender, tem que comprar”. E, dentro deste cenário, o presidente da ABCS destaca que o Brasil não tem uma política muito bem articulada neste sentido, resultando em barreiras comerciais inesperadas quando os volumes aumentam, basta ver o que acontece com frequência com o mercado russo.

“Em suma, diante da crise por que passa o setor, ainda sem a efetivação da retomada do mercado russo, a guerra comercial entre EUA e China pode ser um alento, mas não é uma garantia de ganho, pois envolve outros fatores e pode interferir em outros mercados já consolidados”, conclui.