A carne suína brasileira deve voltar à mesa dos consumidores russos após quase um ano de embargo. Os embarques estavam suspensos desde o início de dezembro de 2017, devido à contaminação cruzada (acidental, não intencional) pelo promotor de crescimento ractopamina, na formulação de rações usadas na alimentação dos animais. E o país tem restrições ao produto. O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, recebeu nesta quarta-feira (31) o comunicado oficial do Serviço Sanitário Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária (Rosselkhoznadzor), e comemorou a decisão “tomada depois de vários meses de negociações”. A Rússia vai retomar as importações de carne suína e bovina do Brasil a partir desta quinta-feira (1/11).
O documento russo informa que “é possível remover as restrições impostas a todas as empresas exportadoras, levando em conta a análise das medidas adotadas pelo Brasil e as garantias fornecidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) do ministério, sobre o cumprimento das condições de produção e vendas de produtos de empresas brasileiras”. O serviço sanitário russo também analisou os resultados dos estudos laboratoriais de produtos elaborados por empresas brasileiras.
O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luis Rangel, explica que “foi feito um trabalho intenso de rastreabilidade e segregação na produção para atender aos requisitos do mercado russo, embora a ractopamina seja um produto seguro”. Todas as medidas adotadas foram acompanhadas de trabalhos técnicos e de discussões com as autoridades sanitárias russas. “Esperamos que o setor privado entenda que as ações de certificação e segregação são necessárias para preservar este mercado”, alertou Rangel. Conforme o secretário “o ministério sempre estará preparado para discutir tecnicamente com os russos, mas as garantias que devem ser dadas ao longo da cadeia produtiva são de responsabilidade do produtor e do frigorífico”.
O secretário espera que com a retomada das exportações as empresas adquiram o fôlego que perderam ao longo de 2018 com a greve dos caminhoneiros e com o consequente desabastecimento causado pela paralisação.
As empresas que estavam suspensas e irão retomar as exportações são: Barra Mansa Comércio de Carnes e Derivados Ltda (SIF 941 – carne bovina desossada e carne suína e carne suína in natura); Agra Agroindustrial de Alimentos S/A (SIF 3941 – abate de gado, corte, armazenamento de carne bovina; carne suína crua); Alibem Alimentos S/A (SIF 2146 – carne suína e carne suína crua); Alibem Alimentos S/A. (SIF 915 – carne suína e carne suína crua); Adelle Indústria de Alimentos Ltda (SIF 15 – suínos para abate, corte e estocagem de carne suína, produção de subprodutos e carne de suíno gordo); Minerva S/A (SIF 431 – carne bovina desossada e carne crua); Cooperativa Central Aurora Alimentos (SIF 3847 – carne suína e carne suína crua); Frigorífico Astra do Paraná Ltda (SIF 1251- abate e corte de gado); Frigorífico Vale do Sapucaí Ltda (SIF 1883 – abate de bovinos, corte, armazenamento de carne bovina, produção de subprodutos e gorduras bovinas).
Queda nas exportações
O embargo da Rússia à carne suína brasileira levou a uma forte retração nas exportações desta proteína. O país, até o fim de 2017, era o principal importador desse produto. Ao longo de 2018, a queda nas exportações da proteína foi de 11% em termos de volume. Já em receitas, houve recuo de 19%.
Em sua conta no Twitter, o ministro Blairo Maggi comemorou a reabertura do mercado russo à carne suína e bovina brasileiras. “Estamos em Dubai e acabo de receber a notícia”, disse. Maggi agradeceu ao presidente Michel Temer, a quem atribui a reabertura devido ao empenho pessoal, aos produtores e frigoríficos brasileiros e a equipe do Mapa. “Estamos todos felizes, viva o agro brasileiro”, concluiu.