Mesmo com os preços em patamares elevados, o volume ofertado de carne bovina continua sendo absorvido no atacado de São Paulo (maior centro consumidor do Brasil). A média da carcaça casada de boi no atacado foi de R$ 9,02/kg em novembro, 9,0% maior que a de outubro. No mesmo comparativo, a arroba de boi avançou 6,8% em São Paulo.
“Essas diferenças sinalizam que os frigoríficos, na média, estão conseguindo passar adiante, tanto no mercado interno quanto externo, os reajustes que têm concedido à arroba do boi. Tal valorização do boi se fundamenta na oferta reduzida, causada em grande parte, direta e indiretamente, pela seca. Entretanto, no atacado, nesta primeira semana de dezembro, houve uma queda de 0,2% no preço da carcaça casada de boi, que em São Paulo é negociada a R$ 8,93 o quilo”, afirma o consultor Carlos Cogo.
O especialista segue comentando: A média do preço do boi gordo em São Paulo, em novembro, foi de R$ 143,10, a maior da série deflacionada (IGP-DI de outubro/2014), superando o recorde anterior de novembro de 2010, corrigido para R$ 135,73. Nesta semana, foi verificada tentativa de recuou da parte compradora, o que resultou em alguma pressão sobre as cotações da arroba. Mas esse movimento não foi suficiente para mudar a tendência do mercado, tendo em vista a continuidade do desequilíbrio entre volumes ofertado e demandado, sobretudo no estado de São Paulo. A arroba de boi gordo em São Paulo está cotada, em média, a R$ 144,93.
Em novembro, os exportadores brasileiros embarcaram 20% a menos de carne in natura, mas ainda conseguiram preço médio em Real 2% maior que o de outubro. A diminuição das vendas reflete, sobretudo, a retração de seu principal cliente, a Rússia. Em setembro, os russos adquiriram 34,23 mil toneladas; em outubro, foram 35,1 mil e, em novembro, apenas 14 mil toneladas. Já para outros destinos também de destaque, como Hong Kong e Egito, houve aumento do volume exportado em novembro. O total de 90,5 mil toneladas de carne in natura brasileira embarcadas no último mês elevou o acumulado no ano para 1,119 milhão de toneladas, 4,3% a mais que o volume do mesmo período do ano passado (1,073 milhão de toneladas) e apenas 7,5% inferior ao recorde de 2007. Quanto ao preço médio em dólar, no ano, está 4,35% superior ao da parcial de 2013, na marca de US$ 4.711,23 a tonelada. Com a ajuda do câmbio, a diferença positiva aos exportadores brasileiros sobe para 13%.
Frango: preços seguem em queda no atacado
As exportações de carne de frango in natura recuaram 9,7% em novembro na comparação com o mês anterior, totalizando 297,5 mil toneladas. Com isso, aumentou o volume direcionado ao mercado interno, principalmente no atacado de São Paulo. Dessa forma, a demanda por frango vivo também cai, especialmente no estado de São Paulo, onde ainda há muitos produtores independentes. Nos últimos sete dias, os preços do frango vivo recuaram 7,4% na média paulista, para R$ 2,45/kg. A demanda do atacado não corresponde à oferta disponível e, nos últimos sete dias, o frango inteiro resfriado se desvalorizou 3,8% em São Paulo, comercializado, em média, a R$ 3,58/kg. Já a carcaça congelada ainda se manteve estável no período, a R$ 3,70/kg.
Os cortes de frango também estão em queda. Nos últimos sete dias, a coxa/antecoxa congelada baixou 2,9% e a resfriada, 1,1%, negociadas, respectivamente, a R$ 4,01/kg e R$ 4,14/kg. Para o peito, o recuo foi de 2,9% para o congelado e 4,1% para o resfriado, a R$ 4,60/kg e R$ 4,74/kg. O filé, um dos cortes com maior valor agregado, registrou a baixa mais intensa, de 6,2% para o congelado e 2,6% para o resfriado, com o quilo na média de R$ 6,31/kg e R$ 6,68/kg. No segmento de exportação, o volume baixou no último mês, mas os preços em Reais recebidos pela carne de frango in natura, na média de R$ 4,87/kg, são os maiores da série histórica da Secex.
Esse patamar foi alcançado em função da expressiva valorização do dólar frente ao Real. Em novembro, teve a maior média desde abril/2005, de R$ 2,55. Em dólares, o valor médio da carne foi de US$ 1,91/kg em novembro, 2,0% inferior ao de outubro, mas 2,6% acima do verificado em novembro/2013. A receita foi a maior para um mês de novembro, de R$ 1,4 bilhão – 7,8% a menos que o recorde mensal de R$ 1,6 bilhão de outubro, mas ainda 7,6% acima do registrado em novembro do ano passado.
Carne suína: forte baixa dos preços no atacado
Novembro começou muito bem para a suinocultura nacional, mas as quedas da segunda quinzena fizeram com que os resultados do mês se tornassem bastante negativos. Em regiões como Arapoti (PR) e Oeste Catarinense, o suíno vivo se desvalorizou 24% e 23%, respectivamente, entre 30 de outubro e 28 de novembro. As carcaças comum e especial, depois dos recordes no dia 6 de novembro caíram para R$ 6,71/kg e R$ 7,04/kg no atacado de São Paulo, o que representa perdas de 10% também no acumulado do mês. A principal explicação para a mudança de cenário está nas exportações. Até meados de novembro, a Rússia estava bastante ativa, inflacionando os preços internacionais.
Em resposta, frigoríficos brasileiros se mostravam dispostos a pagar valores elevados pelo animal. Com a retração russa, no entanto, já não havia motivação para manter o mesmo ritmo de compra de suíno vivo. Paralelamente, a carne bovina se desvalorizou, voltando a atrair parte do consumidor e, com isso, baixando a demanda pelas carnes concorrentes, especialmente na última semana do mês – a exemplo da suína, a bovina também atingiu recordes em meados de novembro. As exportações diminuíram no comparativo com outubro, mas garantiram o maior faturamento já registrado para um mês de novembro: foram US$ 135,39 milhões, o que corresponde a R$ 345,59 milhões, considerando-se a média do dólar a R$ 2,55.
Em volume, foram 36,71 mil toneladas, 16% a menos que em outubro; no comparativo com um ano atrás (31,7 mil toneladas), a diferença também é de 16%, mas agora positiva. De outubro para novembro, o preço médio da carne em dólar baixou 12,1%, para US$ 3,69/kg, mas ainda 29,3% maior que a média de um ano atrás. Para um mês de novembro, esse valor é o maior da série da Secex. Em Reais, o preço médio também é o maior para o período, de R$ 9,42/kg, sendo 8,4% inferior ao de outubro, mas 43,5% superior ao de novembro passado.