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Saúde Animal

Cartilha orienta médicos veterinários sobre diagnóstico e notificação de monkeypox em animais

Agente viral zoonótico, além dos seres humanos, pode infectar outros mamíferos, não podendo descartar a suscetibilidade de animais de produção 

Cartilha orienta médicos veterinários sobre diagnóstico e notificação de monkeypox em animais

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) apresentou nesta terça-feira (20) a cartilha ‘Monkeypox em Animais’. O material didático é destinado a orientar os médicos veterinários sobre procedimentos para atuar em possíveis casos de monkeypox (varíola símia ou varíola dos macacos) em animais.

As orientações abrangem a identificação da manifestação da doença nos animais, isolamento de casos suspeitos e descarte de resíduos, como coletar e enviar amostras de material para diagnóstico, indicação da rede de laboratórios de apoio e medidas de prevenção. O material também propõe uma sistematização das formas de diagnósticos e de padronização sobre como notificar casos suspeitos em animais para as equipes do sistema de saúde local.

A cartilha foi elaborada por seis especialistas das Universidades de São Paulo (USP), Feevale e Federal de Minas Gerais (UFMG) sob a coordenação da RedeVírus MCTI, por meio da Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais Silvestres (Rede Previr) e da Câmara Técnica Temporária CâmaraPOX MCTI. O processo de elaboração foi realizado em conjunto com o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) e contou com o apoio da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV). Todo o conteúdo e os procedimentos de notificação foram acordados com o Ministério da Saúde.

O vírus monkeypox é um agente viral zoonótico que, além dos seres humanos, pode infectar outros mamíferos, como roedores (hamsters, porquinhos da índia, chinchilas), animais domésticos (cães e gatos), primatas não humanos (gorilas e macacos).  Além disso, não se pode descartar a suscetibilidade de animais de produção (como vacas, cabras, ovelhas) e animais silvestres (gambás, raposas), em adquirir a infecção por vírus do gênero Orthopoxvirus, ao qual o monkeypox pertence.

Em agosto deste ano, em Paris, França, foi descrita a transmissão viral de um tutor para um cão. No mesmo mês, no Brasil, também houve registro de um caso de um filhote de cão que manteve contato com o tutor infectado e desenvolveu a doença.

A proposta do material didático é que médicos-veterinários estejam atentos à investigação epidemiológica de eventuais casos de escape do vírus aos animais domésticos. A medida contribui no enfrentamento do surto de monkeypox no Brasil.  Nesse processo, os animais domésticos podem ser os mais suscetíveis à contaminação. Por isso, em caso de o tutor estar infectado com monkeypox, o contato com o animal deve ser evitado. A transmissão pode ocorrer por diversas formas, especialmente pelo contato direto, como atividades recreativas, ou durante manejo em contato com lesões no corpo, ou até pelo contato indireto como compartilhamento de cama.

A dispersão do vírus para animais domésticos pode levar à infecção de animais periurbanos, como roedores e gambás. Essa transmissão entre animais pode levar o vírus para animais silvestres e criar novos reservatórios do vírus em animais silvestres. Não se tem conhecimento, até o momento, de reservatórios fora do continente africano.

Nesse sentido, a cartilha recomenda que pessoas infectadas evitem contato direto com animais domésticos de estimação (cães, gatos, hamsters), de produção (bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, equídeos), de cativeiros, bem como os animais silvestres, até desaparecimento completo das lesões.

Diagnóstico nos laboratórios da Rede Previr MCTI – De acordo com a cartilha, para um animal ser considerado suspeito para monkeypox ele precisa ter tido contato direto nos últimos 21 dias com uma pessoa positiva. Além disso, pode apresentar lesões sugestivas da doença, como pústulas e vesículas.  

Quando os sintomas forem identificados, a confirmação dos casos deve ser feita por meio de diagnóstico laboratorial, por análises moleculares (PCR convencional, qPCR e sequenciamento genético). A cartilha orienta sobre como deve ser feita a coleta da amostra e quanto às boas práticas para o acondicionamento e transporte.

As amostras devem ser enviadas para os laboratórios de apoio da Rede Previr MCTI. Na cartilha estão listados os seis laboratórios da Rede Previr MCTI que estão disponíveis para realizar testes diagnósticos para animais. As unidades estão localizadas nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Notificação de casos suspeitos – A notificação de animais suspeitos com monkeypox deve ser feita à Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, conforme as recomendações existentes no Plano de Contingência para Monkeypox do Ministério da Saúde (Nota técnica Nº 96/2022-CGZV/DEIDT/SVS/MS). A cartilha apresenta um fluxograma sobre como proceder.

Participaram do evento de apresentação da cartilha Monkeypox em Animais o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações; o secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI; o diretor Substituto do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde; e o presidente do Conselho de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

A cartilha digital está disponível para consulta endereço eletrônico do site do MCTI neste link.