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China mira mercado de defensivos do Brasil

<p>As indústrias de defensivos da China, cuja produção cresce em média 9,62% ao ano desde 1995, querem vender seus produtos no Brasil sem intermediários.</p>

Redação (25/04/07) – Quatro das maiores empresas chinesas do segmento aceleraram os pedidos de registro de defensivos genéricos junto ao governo brasileiro e buscam sócios para consolidar seus negócios no país. Para isso, contrataram a Allier Brasil Consulting para mediar as negociações.

Flávio Hirata, consultor da Allier, diz que os grupos chineses ainda preferem não ter seus nomes revelados. Nenhum deles exporta agroquímicos ao Brasil e já solicitaram o registro por equivalência de fungicidas e herbicidas para dar início às operações no Brasil. " As indústrias já tinham interesse no mercado brasileiro desde 2000, mas a demora na aprovação dos registros espantava os chineses. Com a aprovação de registros por equivalência, esse prazo foi reduzido de cinco anos para seis meses " .

A legislação para registro de produtos por equivalência foi aprovada pelo governo brasileiro em 2006, e dispensa alguns testes para produtos genéricos com mesma formulação de outros de uso já autorizado. Com isso, o prazo para aprovação cai de três a cinco anos, em média, para seis meses. Conforme Luís Eduardo Rangel, coordenador geral de agrotóxicos do Ministério da Agricultura, 13 produtos (nenhum chinês) já foram aprovados depois da nova lei e outros 300 esperam avaliação.

Após obterem sinal verde para os pedidos de registro, a meta dos grupos chineses, conforme o consultor, é fazer parcerias com empresas que tenham uma malha de distribuição eficiente para agilizar as vendas. " Essas indústrias produzem genéricos e a meta é obter maior rentabilidade vendendo diretamente, sem passar por formuladores e distribuidores " , diz ele.

Atualmente, na China, existem 1.803 fábricas de defensivos. Entre 1995 e 2005, as exportações do país cresceram, em média, 25% ao ano – de 47,7 mil toneladas em 1995 para 428 mil toneladas em 2005. Algumas indústrias chinesas já vendem genéricos para empresas que atuam no Brasil (inclusive multinacionais) , de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag). Conforme a entidade, o número de produtos formulados (já prontos) importados da China passou de 68 para 117 entre 2000 e 2006. O total de princípios ativos (formulados nas fábricas brasileiras) passou de 235 para 242 no mesmo período.

Desde 2000, as importações brasileiras de agrotóxicos da China decuplicaram, passando de US$ 1,7 milhão para US$ 14,2 milhões, de acordo com dados da Secex. No total, as importações brasileiras de defensivos mais que dobraram em igual intervalo, de US$ 248 milhões para US$ 550 milhões.

" A China produz defensivos com grande eficiência e a preços muito baixos. As indústrias aumentaram a importação de produtos prontos da China, que chegam mais baratos que os princípios ativos, por conta da tributação " , observa José Roberto da Ros, vice-presidente do Sindag.

Túlio Teixeira de Oliveira, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Defensivos Genéricos (Aenda), pondera que a produção de genéricos no Brasil foi em parte substituída pelas importações, muito por conta da globalização desse mercado. " A produção de genéricos está nas mãos de poucas empresas e no Brasil eles são mais caros que em outros países. O aumento da concorrência é ótimo " , diz. Ele observa que, enquanto na Índia 400 empresas vendem genéricos, no Brasil os produtos são ofertados por apenas 20 empresas.

Para Da Ros, o avanço chinês tende a pressionar mais os preços dos defensivos. Conforme a Conab, o preço médio dos inseticidas caiu 12,6% nos últimos 12 meses; o de fungicidas recuou 8,98% e o de herbicidas, 10,98%. As indústrias de defensivos que atuam no Brasil encerraram 2006 com faturamento conjunto de US$ 3,9 bilhões, 7,6% a menos que em 2005. A inadimplência dos produtores chegou perto de US$ 2 bilhões. " A maior parte das dívidas é de sojicultores. Excluindo esse setor, as vendas para outras culturas podem crescer 10% neste ano " , diz.