A China anunciou que excluirá a carne suína e a soja dos Estados Unidos de tarifas adicionais, no mais recente sinal de atenuação das tensões sino-americanas antes de uma nova rodada de negociações com o objetivo de conter uma guerra comercial.
O país asiático havia criado tarifas adicionais de 25% aos produtos agrícolas dos EUA, incluindo soja e carne de porco, em julho de 2018. Em 1º de setembro, o país aumentou as tarifas para soja em mais 5% e, para carne suína, em mais 10%.
Com os casos de Peste Suína Africana dizimando os planteis do país, a escassez de carne suína tem feito com que a China utilize suas reservas emergenciais e importe grande quantidade de carne de outros países produtores. O Brasil tem se beneficiado dessa crise e tem aumentado expressivamente as exportações para a China, hoje o maior comprador de carne suína brasileira.
A sinalização de uma trégua nas tarifas sobre a carne suína americana, pode significar um ponto negativo para a indústria suinícola brasileira. Para o analista de mercado César de Castro Alves é um equívoco pensar que as tarifas estariam bloqueando os envios de carne suína dos EUA para a China, inclusive estão exportando bem mais que o ano passado. “A suinocultura americana é muito grande, exportam muito mais que nós e mesmo com as tarifas eles já vinham exportando, então é possível que isso fomente uma aceleração desse fluxo”, detalhou.
Mas, Alves explica que o mercado ainda está cético com essa possibilidade. “Os chineses já falaram que iriam comprar soja, mais produtos agrícolas, e isso acabou não acontecendo em função dos atritos” pontuou.
Para ele, a princípio um maior volume exportado pelos EUA para a China é negativo, porque há um excedente grande lá e os americanos poderiam tirar um pouco do nosso potencial. Por outro lado, o Brasil é limitado aos embarques devido aos números de plantas habilitadas a exportar. Na última semana das novas plantas habilitadas para exportações pela China, apenas uma é para carne suína.
“Por outro lado, apenas uma nova planta de suíno foi habilitada, então a gente está meio travado nessa questão. Então a notícia da retirada das tarifas é menos importante para nós do que a questão das habilitações, porque por mais que se mantivesse esse possível alivio na guerra comercial com mais compra por parte dos chineses, a gente não tem como aproveitar muito mais devido essa limitação” enfatizou Alves.