Em um esforço para tornar a pesquisa científica mais barata e mais fácil, uma série de tecnologias “on-a-chip” – em português, algo como “em-um-chip”, com todos os componentes em um só circuito – foram desenvolvidas ao longo dos últimos anos.
A ideia é usar as células-tronco para construir uma réplica em miniatura de um órgão humano da vida real para que você possa observar suas reações ao maior número de medicamentos e tratamentos possível. O benefício é que esses pequenos órgãos-em-um-chip oferecem uma visão muito mais precisa de como verdadeiros órgãos humanos podem responder a estes tratamentos do que aconteceria ao testá-los em animais de laboratório, além de ser um método muito mais barato e humano.
Com esta ideia em mente, cientistas do Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade de Tsinghua, em Pequim, China desenvolveram o que é, essencialmente, um ovo-em-um-chip. Feita a partir de uma camada transparente de polidimetilsiloxano (PDMS), um polímero orgânico à base de silicone muito utilizado, a casca de ovo artificial é macia e imita a forma de um ovo real.
“Ao contrário de seu antecessor baseado quimicamente, o atual ‘ovo-em-um-chip’ herda intrinsecamente naturezas biológicas, o que abre um caminho para integrar partes biológicas ou sistemas inteiros em um dispositivo em miniatura”, escreve a equipe na revista “Science China Technological Sciences”.
Isso dá aos cientistas uma visão sem precedentes de dentro de um ovo, para que eles possam observar como um organismo vive, cresce e se desenvolve nos primeiros estágios da vida, sem ter de submeter o objeto à técnica bastante rudimentar das “janelas”, que é usada atualmente em laboratórios. O processo consiste em cortar um buraco na casca do ovo e deixar uma janela que pode ser aberta e fechada à vontade.
Os pesquisadores até agora conseguiram fazer a cultura de embriões de aves em seus ovos artificiais por pouco mais de 17 dias – cerca de três dias antes da eclosão. Eles esperam que uma das aplicações práticas dos seus novos ovos transparentes seja permitir que sangue e outros tipos de fluidos orgânicos sejam injetados no embrião para diagnóstico precoce, bem como o cultivo de variações genéticas raras.
O resultado final pode parecer um pouco “nojento”, mas os cientistas dependem destes estudos para compreender melhor processos biológicos fundamentais, tais como o desenvolvimento dos sistemas nervosos central e periférico.
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