A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com apoio de seu Escritório Internacional em Singapura, realizou um webinar na quinta-feira (27) para discutir o acordo Mercosul-Singapura e as oportunidades que ele representa para o setor agropecuário brasileiro.
Na abertura do evento, Felipe Spaniol, coordenador de Inteligência Comercial da CNA, destacou a importância histórica do acordo, o primeiro celebrado pelo Mercosul em 13 anos, sublinhando seu impacto significativo nas negociações do bloco econômico e na geopolítica internacional. Spaniol mencionou um estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que projeta um impacto de R$ 28 bilhões no PIB brasileiro até 2041, um aumento de R$ 11 bilhões em investimentos e um crescimento de US$ 49 bilhões no comércio bilateral com Singapura.
Spaniol enfatizou que os benefícios do acordo vão além da redução de barreiras tarifárias, incluindo segurança jurídica, melhoria no ambiente regulatório e facilitação de comércio e investimentos.
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A embaixadora do Brasil em Singapura, Eugênia Barthelmess, ressaltou a rapidez das negociações, iniciadas em 2018 e concluídas em dezembro de 2023. Ela destacou que o acordo de livre comércio proporciona previsibilidade e segurança para os operadores do setor privado dos dois países. Barthelmess também mencionou um instrumento adicional que evita a dupla tributação entre Brasil e Singapura, e notou que o comércio bilateral alcança cerca de US$ 8 bilhões, com um superávit brasileiro de US$ 6,6 bilhões. Em 2023, o Brasil exportou US$ 600 milhões em produtos de proteína animal para Singapura.
A embaixadora elogiou a CNA pelo trabalho na diversificação das exportações de produtos agropecuários e na defesa dos interesses dos produtores brasileiros, especialmente os pequenos e médios, no mercado internacional.
André Carvalho, parceiro da Veirano Advogados, apresentou os principais pontos do acordo de livre comércio, que é o primeiro do tipo firmado entre o Mercosul e um país asiático. Ele explicou que as negociações duraram cinco anos e envolveram sete rodadas formais. O tratado abrange o comércio de bens e serviços, além de investimentos, com compromissos em temas modernos como facilitação de comércio, propriedade intelectual, compras governamentais e comércio eletrônico.
André Oliveira, fundador e diretor da Centrigo Farming Ecosystem, destacou os benefícios e oportunidades do acordo para a inovação, sustentabilidade e crescimento econômico no Brasil. Ele apontou que a parceria beneficiará todas as partes envolvidas, incluindo agricultores, promovendo o desenvolvimento agrícola sustentável. Oliveira também mencionou os desafios, como barreiras comerciais e culturais, regulamentações e práticas de negócios, e sugeriu possíveis soluções, incluindo uma abordagem colaborativa e estratégica, políticas harmonizadas e cooperação regulatória.
Por fim, Desmond Ng, chefe de missão da Embaixada de Singapura no Brasil, afirmou que o acordo promove integração econômica, redução de tarifas, investimentos transparentes, empreendedorismo, digitalização, desenvolvimento sustentável e segurança no abastecimento. Ele observou que a relação entre Brasil e Singapura é complementar, com Singapura necessitando de alimentos que o Brasil pode fornecer com qualidade e preços competitivos e enfatizou a importância da segurança alimentar mundial e destacou a confiabilidade da agricultura brasileira durante a pandemia.
