O Brasil deve finalmente superar os Estados Unidos e ser o maior produtor mundial de soja na safra 2013/14, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Em seu relatório mensal, o órgão afirmou que os americanos devem colher 85,7 milhões de toneladas do grão neste ano, quase 3 milhões a menos do que previa em agosto. O número veio em linha com as projeções de mercado, que antecipavam um corte devido ao clima quente e seco no Meio-Oeste no último mês.
Segundo o USDA, caberá ao Brasil “repor” a perda nos EUA. O órgão aumentou de 85 milhões para 88 milhões de toneladas sua previsão para a próxima colheita brasileira.
Com isso, manteve praticamente estável sua projeção para a produção mundial, em 281,7 milhões de toneladas (apenas 60 mil toneladas a menos do que o esperado em agosto). Trata-se de um aumento de 14,2 milhões de toneladas em relação à safra passada. Assim, prevê o USDA, os estoques ao fim da safra 2013/14 seriam elevados em 10 milhões de toneladas, a 71,54 milhões.
Embora o relatório tenha sido neutro em relação às estimativas do mercado, os preços da soja dispararam em Chicago. Os contratos com vencimento em novembro fecharam com valorização de 2,62%, a US$ 13,9650 por bushel.
“A reação do mercado surpreendeu mais que o relatório”, afirma Pedro Dejneka, analista da PHDerivativos. “Os fundos voltaram às compras diante da possibilidade de a safra ser ainda menor do que a estimada pelo USDA.”
Segundo ele, os agentes avaliaram que o USDA está muito otimista em relação à produtividade em Estados como Iowa, Illinois e Indiana. Além disso, o órgão vai divulgar na terça-feira uma nova estimativa sobre o tamanho da área plantada. “Ainda é cedo para se avaliar o tamanho real da safra”.
Outra razão é que, com a quebra da safra americana, a responsabilidade de recompor os estoques globais dos níveis historicamente baixos de 2012/13 ficou praticamente toda com a América do Sul, que sequer começou a plantar a nova safra – e, portanto, ainda tem pela frente pelo menos quatro meses de incertezas em relação ao clima.
Das 14,2 milhões de toneladas adicionais previstas para a nova temporada, 10,1 milhões devem vir de Brasil e Argentina, segundo o USDA. “Isso sem dúvida coloca uma pressão enorme sobre o mercado”, acrescenta Dejneka.
Se o cenário em relação à soja ainda é envenenado por incertezas, o USDA ontem praticamente aniquilou qualquer dúvida em relação ao tamanho da safra de milho.
De acordo com o governo, os americanos vão colher 351,64 milhões de toneladas do grão neste ano, 2 milhões a mais do que o estimado em agosto. Trata-se ainda de um aumento de 77,8 milhões de toneladas em relação à safra do ano passado, devastada pela seca. O número surpreendeu o mercado, que esperava um corte para 346,6 milhões de toneladas.
Com isso, o USDA projeta estoques americanos de passagem em 47,11 milhões de toneladas, volume 2,7 vezes maior do que o remanescente de 2012/13.
Segundo o USDA, a produção mundial de milho deve totalizar 956,67 milhões de toneladas. Embora ligeiramente inferior à estimativa de agosto, trata-se de um acréscimo de 96,6 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior. Em Chicago, o milho para entrega em dezembro caiu 1,3%, a US$ 4,6625 por bushel.
O USDA também elevou sua projeção para a produção e os estoques mundiais de trigo. Apesar disso, o cereal fechou em alta de 0,77%, a US$ 6,53 por bushel, sustentado pelo fôlego das exportações americanas.