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Entrevista

Com Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação, Paraná investe em base tecnológica para produzir proteínas alternativas

Em entrevista exclusiva a Avicultura Industrial, Carla Forte Maiolino Molento, coordenadora do NAPI PA, fala sobre os impactos destes novos modelos produtivos

Com Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação, Paraná investe em base tecnológica para produzir proteínas alternativas

O mercado mundial de carnes deve se transformar significativamente ao longo dos próximos anos. Há um grande desafio pela frente, que é alimentar 7 bilhões de pessoas em todo o mundo. Todas as projeções apontam para um consumo cada vez maior de carnes, com demandas crescentes na Ásia e África. Para suprir esse novo volume por alimentos de origem animal, serão necessários grandes avanços nas criações, o que talvez não seja plenamente possível frente aos recursos ambientais disponíveis no mundo, além de outras questões que são extremamente importantes hoje, como o bem-estar animal e o uso de antimicrobianos e o risco de desenvolvimento de bactérias multirresistentes.

O cenário tem exigido outras possibilidades para produção de alimentos de qualidade para alimentar essa população crescente no mundo. Processos como cultivo celular, fermentação de precisão e produtos de base vegetal têm surgido como alternativas importantes para complementar toda essa nova demanda.

Em modelos disruptivos, como o de carne cultivada, o receio aparece principalmente nos produtores, que imaginam virem a ter os seus negócios arruinados. No entanto, o Brasil, como player no mercado mundial de carnes, não pode permanecer alheio a estas novas tecnologias, assim como a ideia de que a produção sairá do campo, não é verdadeira.

De olho nestas mudanças, o Estado do Paraná está para oficializar a criação do NAPI PA – Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Proteínas Alternativas.

O programa irá envolver universidades como a UFPR, PUC Paraná e UEM. Serão estruturadas bases para pesquisas e o acompanhamento deste novo mercado para o agro brasileiro, além de desmistificar diversos conceitos equivocados que permeiam essa nova forma de produzir proteínas de origem animal.

“Eu sei que há muita resistência ainda dos produtores brasileiros, mas é preciso engajá-los. Há uma movimentação mundial em torno deste assunto, e ficamos aflitos de ver o Brasil adormecido nesta questão. O nosso foco é trabalhar com pesquisa e disponibilizar inovações para que o produtor não fique alheio a este novo contexto alimentar mundial. É relevante para o Brasil e tudo o que ele representa dentro da produção mundial de alimentos. Não podemos ficar paralisados em relação a este assunto”, afirma Carla Forte Maiolino Molento, coordenadora do NAPI PA, professora da UFPR e também coordenadora do Laboratório de Bem-estar Animal (Labea), da própria UFPR.

Nesta entrevista exclusiva a Avicultura Industrial, a especialista fala sobre os impactos destes novos modelos produtivos, desmistifica visões equivocadas sobre o tema e aborda aspectos ligados à ética animal, à redução no uso de antimicrobianos e ganhos ambientais. Confira.