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Energia Renovável

Com o objetivo de reduzir emissões, setor elétrico dá prioridade às fontes renováveis

Construção de parques híbridos mesclam energia solar e eólica 

Com o objetivo de reduzir emissões, setor elétrico dá prioridade às fontes renováveis

A descarbonização com investimentos em fontes renováveis é uma das principais tendências do setor elétrico, movimento reforçado pela pandemia em que cresceu a preocupação com a pauta ESG – boas práticas ambientais, sociais e de governança. O Brasil passa a ser centro de investimentos de grandes grupos mundiais, incluindo as petroleiras.

Um exemplo é a Engie. Em geração, a prioridade é investimento em fontes renováveis com baixa emissão de gases de efeito-estufa, que representam cerca de 90% da capacidade instalada da empresa no país, afirma Guilherme Ferrari, diretor de novos negócios, estratégia e inovação. A empresa anunciou mundialmente o seu compromisso de deixar de gerar energia térmica à base de queima de carvão até 2027. No Brasil, a companhia já fechou duas termelétricas e colocou à venda as duas últimas: Jorge Lacerda e Pampa Sul, ambas na região Sul.

Nos últimos três anos, foram adicionados três conjuntos eólicos na Bahia, sendo o mais recente o parque Campo Largo II, localizado em Umburanas (BA), que recebeu autorização para iniciar as operações comerciais no primeiro trimestre de 2021, ultrapassando a marca de 1GW considerando todos os projetos em operação. “Adicionalmente, a Engie continua desenvolvendo e buscando ativamente crescer com a fonte solar”, diz Ferrari.

Em junho, iniciou-se a implantação do Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, com 434 MW de capacidade instalada. Cerca de R$ 2,2 bilhões serão investidos no projeto voltado ao mercado livre.

Uma das transformações da matriz elétrica nas últimas duas décadas foi o avanço das usinas eólicas, cuja participação em 2001 era incipiente, mas hoje respondem por cerca de 10% da matriz. Até 2024, os projetos em andamento farão a potência instalada subir dos atuais 18,6 GW para 29,1 GW, sendo que 60% desse acréscimo de 10 GW virão de empreendimentos voltados ao mercado livre. A adição poderá equivaler a cerca de 12,97 milhões de toneladas de dióxido de carbono evitados. Desde 2009, deixaram de ser emitidas mais de 125 milhões de toneladas de poluentes globais pela fonte. “O futuro da energia é renovável e livre”, diz a presidente da Abeeólica, Élbia Gannoum.

Agora, uma das tendências crescentes será a construção de parques híbridos que mesclem energia solar e eólica na mesma localidade, o que traz ganhos de eficiência aos projetos. Ainda há questões técnicas e regulatórias para que esse nicho deslanche, mas os primeiros projetos estão saindo do papel.

A Votorantim Energia está trabalhando em um projeto de parque híbrido com operação prevista para 2023, que recebeu aval da Aneel em abril. O empreendimento contará com uma usina solar a ser instalada em um terreno ao lado do já existente parque eólico, com uma subestação de transmissão compartilhada.

O sol também irá brilhar na matriz elétrica cada vez mais. Até 2012, o setor tinha apenas sete MW instalados. Hoje são 8,8 mil MW em empreendimentos, sendo 62% de projetos de geração distribuída solar. “As perspectivas são muito promissoras”, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Solar, Rodrigo Sauaia.

As empresas têm investido em energia solar seja para produzir sua própria energia, fugindo de encargos (em alta diante do acionamento das térmicas a gás natural), ou para economizar na conta de luz.

Adquirida pela Energisa em 2019, a Alsol tem tido demanda de empresas de diferentes portes e cerca de 10% de pessoas físicas. Deve investir cerca de R$ 200 milhões neste ano para entregar 15 novos parques solares. “Em 2022, pode ser mais porque a demanda poderá ser maior”, diz o presidente, Gustavo Buiatti.

Investir em energia renovável é prioridade em grandes petroleiras que têm no pré-sal uma fronteira de expansão. A Shell, cuja meta global é emissão líquida zero de carbono em 2050, mira a energia solar no Brasil, com um portfólio de 2 GW em parques centralizados. A região Sudeste é um foco. Em eólicas, a Shell está em fase mais embrionária, avaliando a regulação de eólicas offshore e estudando parques terrestres. Outro exemplo é a Total Eren, filial brasileira da Total em renovável, possui em carteira projetos solares e eólicos em desenvolvimento de cerca de 1GW no Brasil. Tem, duas centrais eólicas em construção, com cerca de 160 MW de capacidade instalada: os projetos Terra Santa (92,3 MW) e Maral (67,5 MW).