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Manejo

Como melhorar a qualidade, a segurança alimentar e o rendimento de carcaça por meio do manejo pré-abate

"Pré-abate" é a expressão que se refere ao conjunto de operações responsável pelo transporte dos frangos em idade de abate das granjas à planta para que sejam abatidos.

Como melhorar a qualidade, a segurança alimentar e o rendimento de carcaça por meio do manejo pré-abate

No jargão do setor, “pré-abate” é a expressão que se refere ao conjunto de operações responsável pelo transporte dos frangos em idade de abate das granjas à planta para que sejam abatidos. Essas operações englobam quatro processos distintos: jejum, apanhe ou pega, transporte e espera no frigorífico. Essas quatro operações demandam um gerenciamento cuidadoso e integrado a fim de maximizar a qualidade, o rendimento e a segurança alimentar dos produtos avícolas no frigorífico.

Os frangos antes de serem enviados ao abate devem ser submetidos ao jejum com o intuito de diminuir o risco de contaminação durante a evisceração. A contaminação da carcaça durante a evisceração compromete tanto a segurança alimentar quanto o rendimento dos produtos.

Além disso, as vísceras vazias contribuem para reduzir a presença de material fecal nas unidades de transporte (contêineres ou gaiolas), caminhões e área de sangria.

O período ideal de retirada de ração deve ser curto o suficiente para evitar quebras substanciais do peso vivo ou rendimentos das carcaças, porém longo o suficiente para fazer com que o trato digestivo das aves esteja vazio ao chegarem ao abatedouro. É prática corrente e aceita que o jejum das aves antes do abate varie de, no mínimo, 8 horas, a, no máximo, 12 horas, dado que esta “janela de oportunidade” contribui para reduzir o risco de contaminação e a quebra de peso vivo.

Nos jejuns menores que 8 horas, há um aumento da contaminação fecal; acima de 12 horas, as aves sofrem um aumento de contaminação biliar e um decréscimo na resistência das vísceras, o que contribui para aumentar o risco de contaminação durante a evisceração, sobretudo, automática.

O tempo total de jejum é contado a partir do momento da retirada da ração no campo até o momento em que as aves ao penduradas. Por esse motivo, ele abarca o tempo de jejum na granja, o tempo de apanhe, o tempo de transporte e o tempo de espera em planta.

Fatores pós-retirada da ração
O resultado ideal de qualquer programa de retirada de ração não tem a ver apenas com o tempo de jejum, mas também com outras variáveis que também afetam a qualidade e o tempo de limpeza do trato digestivo das aves:

1) condição sanitária das aves;
2) programa de alimentação ou composição da ração;
3) programa de controle de peso;
4) extremos de temperatura ambiente; e
5) agitação causada pelo apanhe.

Às aves deve-se prover acesso livre e ininterrupto de água durante o período de jejum. O consumo à vontade de água maximiza o esvaziamento do trato gastrointestinal, ajuda na diminuição da quebra de peso vivo e eleva o conforto térmico das aves, minorando o risco de mortalidade na granja e no pré-transporte.

Gerenciar cuidadosamente o tempo que os frangos permanecem sem ração é crucial devido a razões econômicas, uma vez que as aves sofrem uma quebra de peso durante o jejum. Esta quebra, que não interessa nem ao criador nem à empresa, é inerente ao processo e pode variar de 0,23% a 0,50% do peso vivo a cada hora de jejum feita. Atente-se, porém, ao fato de que essa não é somente uma variável sensível ao tempo, mas também sensível ao clima. Portanto, quanto mais longo for o período de jejum e mais extremas as condições climáticas (tanto a temperatura quando a umidade relativa), maior será a probabilidade de quebra do peso vivo.

Equipe de pega e outras considerações
Em muitas regiões, a pega do animal vivo ainda é amplamente feita de forma manual. O principal risco associado a essa tarefa é a possibilidade de danos às carcaças. Esse trabalho depende muito da harmonia entre o método de pega (se é feito pelas pernas, pescoço ou individualmente), a eficácia do gerenciamento da pega e a motivação dos trabalhadores – sem dúvida, o componente mais importante dessa equação multifatorial.

Gaiolas e contêineres desempenham um papel importante na preservação da integridade física das aves vivas. Pisos, paredes e portas em boas condições são pré-requisitos vitais para prevenir lesões que afetam a qualidade da carcaça. Os operadores devem ser informados sobre a integridade das unidades de transporte.

De maneira análoga, associado a essa tarefa está o risco de alta mortalidade, que está ligado à temperatura e às condições térmicas durante o apanhe e o pré-transporte, afetando bastante o conforto das aves. O manejo incorreto das aves, acúmulos e atrasos no início do apanhe podem expor os frangos a temperaturas críticas por longos períodos de tempo, ampliando o estresse térmico enquanto estão no aviário ou já nos caminhões. Não é casualidade o fato de que durante o apanhe geralmente observam-se taxas de mortalidade mais elevadas nas porções finais dos galpões.

Como diminuir o estresse térmico
A principal preocupação do transporte dos frangos vivos está em garantir viagens tranqüilas da granja à planta sob condições que minimizem o estresse térmico e o risco de mortalidade em trânsito. A programação de retirada das granjas à planta deve atender os requisitos do tempo total de jejum.

Segundo distintas investigações, a mortalidade de transporte pode variar de 0,02% a 3% no mundo. Em apenas um ano, a taxa pode infligir perdas econômicas significantes. Por exemplo, um a mortalidade média de 0,02% apenas fará que uma planta que abate 200.000 aves diariamente, durante 22 dias por mês, perca 11.000 aves anualmente.

Dessa forma, faz-se imperativo proteger as cargas vivas do impacto do estresse térmico. Cobrir a parte de cima da carga com lonas a cerca de 50 cm acima da carga é uma medida atestada e eficaz. Além disso, um corredor longitudinal no meio da carga permite aumentar a dissipação do calor corporal durante a viagem.

Em ambientes frios, o estresse pelo frio das aves também provou ser uma causa de mortalidade em trânsito. Conseqüentemente, as empresas devem, também, tomar medidas apropriadas para salvaguardar as aves dos efeitos letais do estresse pelo frio.

Dicas sobre o galpão de espera
Depois da chegada à planta, as cargas vivas são pesadas antes que os caminhões se direcionem ao galpão de espera. Para se obter êxito na prevenção de mortalidade in loco causada por estresse térmico, o galpão de espera deve ser construído com orientação leste-oeste para evitar a incidência direta do sol nas cargas e deve estar adequadamente equipado para regular o ambiente interno contra climas bruscos.

O galpão de espera não é um estacionamento, é simplesmente uma área de transito. É importante se lembrar disso. Dado que o tempo de espera na planta é parte do total de tempo de jejum, uma dada empresa perderá dinheiro se abater aves que sejam mais magras do que aquelas compradas com base na escala de pesagem.

Conseqüentemente, para se conseguir sucesso na redução da quebra de peso vivo, estabeleça um limite para o período de espera; monitore o tempo de cada carga e abata as cargas por ordem de chegada, salvo orientações em contrário.

Considerações finais
Há oportunidades de ganhos econômicos maravilhosas no processo pré-abate. Para colher esses benefícios, as empresas são orientadas a implementar o seu manejo integrado com base em conhecimento sobre o processo e no monitoramento de resultados.