Dona do título de Capital do Ovo por sua alta produção em nível nacional, a cidade de Bastos, no Oeste Paulista, agora imprime o selo de excelência com a realização do Concurso de Qualidade do Ovo. O evento, criado há mais de 30 anos e que acontece dois dias antes da tradicional Festa do Ovo, ganha força a cada ano e torna-se disputa acirrada entre as granjas que se inscrevem, mostrando-se uma vitrine do setor na região conhecida por representar 15% da produção nacional de ovos, 40% de todo o Estado de São Paulo, com um plantel de 15 milhões de poedeiras.
Mais do que o prêmio em si – troféus e produtos oferecidos pelas empresas patrocinadoras -, o ganho real do avicultor que participa do concurso parece ser mesmo o aprendizado e a experiência que ele adquire na busca pela qualidade do ovo que produz em sua granja. Movidos pela vontade de vencer, ano a ano jovens avicultores e produtores tradicionais do setor esmeram-se na produção para chegar a julho em condições de inscrever no Concurso de Qualidade uma mostra de ovos que possa destacar-se durante a rigorosa avaliação dos juízes.
Para o presidente da comissão organizadora do concurso deste ano, o avicultor Sérgio Kenji Kakimoto, a competição é apenas o ponto alto de um processo que vem sendo realidade nas granjas da região, demonstrando o empenho dos avicultores locais em produzir utilizando métodos e tecnologia modernos, preocupados com a qualidade do produto que hoje deixa Bastos rumo às gôndolas de mercados de boa parte do país. “A busca pela qualidade deve ser vista como um desafio a ser superado com criatividade, determinação e paciência”, avalia Kakimoto, repercutindo o pensamento dos avicultores que vêm investindo no manejo tecnificado nos últimos anos, entendendo a importância da profissionalização do setor. “Nesse sentido, o Concurso de Qualidade torna-se uma vitrine do que estamos conseguindo realizar nos últimos anos dentro das granjas de postura da Alta Paulista”, considera Kakimoto, ele mesmo um avicultor atento à realidade do novo mercado de ovos.
Representando a segunda geração de avicultores de Bastos, como boa parte de seus companheiros na atual fase da produção bastense, Kakimoto confirma que nunca se falou tanto em qualidade do ovo como nos últimos tempos, sinal de que o mercado já exige um produto diferenciado. “E o avicultor de Bastos está cada vez mais em sintonia com as nuances do moderno mercado avícola”, considera. A melhor prova disso é a alta competitividade com que vem sendo encarado o Concurso de Qualidade do Ovo. Nos últimos 10 anos e, em especial, em suas três últimas edições, o certame anda tão concorrido, com produtos tão competitivos, que os juízes têm tido considerável “trabalho” para selecionar os primeiros colocados, cinco em cada categoria e uma menção honrosa para ovos brancos, ovos vermelhos e ovos de codorna.
Dessa rígida avaliação nascem conceitos importantes que acabam sendo incorporados ao dia-a-dia das granjas. É por isso que o presidente Sérgio Kakimoto, médico veterinário e também pesquisador da APTA Pólo Alta Paulista, diz que participar do evento dá aos avicultores um conhecimento decisivo para aplicar depois em sua propriedade. “Essa pequena amostra de ovos que todos os anos são postos à prova no tradicional concurso de qualidade de Bastos guarda em si a expectativa da difusão em larga escala da prática do sistema de gestão de qualidade. O método de avaliação criado em Bastos pode servir de ferramenta para contribuir para a efetiva profissionalização dos avicultores, conferindo-lhes um suporte gerencial capaz de contribuir para que a avicultura nacional conquiste sustentabilidade na produção e maior competitividade para o setor como um todo”.
Assim, à conhecida alta produção de ovos de Bastos soma-se a preocupação com a qualidade do produto que deixa as granjas locais para ganhar o país. “O concurso de qualidade demonstra que hoje, para o avicultor de Bastos, não basta apenas produzir em quantidade; estamos em busca da qualidade tão exigida pelo mercado”, pondera Sérgio. É por isso que os avicultores da região cruzam os dedos esperando que os ovos de suas granjas, inscritos no concurso, possam ganhar os troféus da Qualidade do Ovo do ano. “Hoje, praticamente todos os avicultores estão preocupados em produzir ovos de qualidade e o concurso ajuda a evidenciar isso”, confirma Dante Miyakubo, outro jovem avicultor de Bastos, que presidiu a comissão do concurso em 2008. Para ele, ter os ovos de sua granja classificados entre os melhores é a prova de evolução da empresa, algo que todos buscam.
Ocupando a vice-presidência da comissão este ano, Miyakubo diz ter podido acompanhar de perto a revolução positiva que o setor vive há alguns anos, especialmente após o surto da laringotraqueíte, doença que levou problemas às granjas da região mas que, uma vez superada, acabou provocando melhorias na produção regional. “Para superar aquela doença os avicultores precisaram melhorar procedimentos na produção e investir em biossegurança, o que levou a um salto qualitativo que fica claro a cada novo Concurso de Qualidade. O resultado disso está no ovo que Bastos produz hoje: cada vez com maior qualidade”, entusiasma-se Dante Miyakubo, lembrando que o produtor que tiver qualidade terá sempre mercado fiel. “Mesmo os avicultores mais antigos já entenderam essa realidade do mercado, o que faz com que todos ganhem. Produzir com qualidade é um caminho irreversível”, aposta o jovem avicultor.
Como nasceu
Realizado anualmente há pelo menos quatro décadas na cidade de Bastos, no Oeste do Estado de São Paulo, o Concurso de Qualidade do Ovo fez história como parte das comemorações da tradicional Festa do Ovo, no mês de julho. Além de ser um evento reconhecido pela Secretaria Estadual de Agricultura, o acontecimento tem ganhado importância, ano a ano, na agenda dos próprios produtores de ovos de galinha e de codorna da região. Isso porque, como já salientou o presidente da comissão, Sérgio Kakimoto, o mercado vem exigindo mudanças fundamentais na busca por qualidade, e Bastos, como referência nacional, tem assumido a responsabilidade de liderar esse movimento que é o motor para a evolução do setor.
Para a realização do concurso é montada uma comissão formada por pessoas atuantes no segmento que, juntas, elaboram as regras, a escolha das premiações, buscam patrocínio e escolhem os juízes que irão participar do julgamento dos ovos. O corpo de juízes é formado por 12 profissionais ligados à avicultura de postura, com grande conhecimento técnico. São médicos veterinários, pesquisadores, zootecnistas e representantes de empresas ligadas ao setor que possuem larga experiência na seleção e na classificação de ovos.
O julgamento começa com uma seleção prévia, na qual são escolhidas as 12 melhores bandejas de cada categoria. Esses ovos são avaliados em seus aspectos internos e externos, sendo observados a uniformidade de tamanho, sujeiras, defeito de formato, textura, falta de uniformidade na coloração e espessura de casca. A avaliação da qualidade interna é feita levando-se em conta a presença de mancha de sangue, coloração da gema, consistência de clara externa e centralização da gema. Cada item analisado recebe uma pontuação dada por cada grupo de juízes. Ao final da classificação, a soma dos pontos obtida de todos os aspectos avaliados de qualidade externa, interna e espessura de casca apontará a melhor bandeja pela classificação de todos os juízes.
Na classificação dos ovos de codornas, todos os juízes escolhem as três melhores bandejas, levando em consideração os aspectos de qualidade externa, semelhante aos adotados para ovos de galinha.
A difícil tarefa de escolher os melhores no Concurso de Qualidade de Bastos chega ao fim, oito horas depois, com o anúncio dos campeões. É o final de uma investigação criteriosa que há mais de 30 anos lançou idéias no país e foi se tornando o espelho da produção da Capital do Ovo. Que o diga o mais experiente organizador do Concurso de Qualidade de Bastos, o médico veterinário Milton Mizuma. Testemunha da profissionalização da avicultura bastense, Mizuma acompanhou a evolução que o concurso e o próprio conceito de qualidade sofreram ao longo dos últimos 30 anos. “Antes a avaliação era mais simples”, lembra Milton. O ovo era julgado principalmente por seu aspecto externo, com ênfase na qualidade da casca e o tamanho. Ao abrir o ovo, o juiz olhava tão somente a cor da gema e a consistência da clara sem que fosse necessário algum tipo de análise mais profunda. “Hoje já existem exames mais apurados e não basta a avaliação visual. O julgamento passou a ser mais técnico, com metodologia para mensurar a qualidade a partir de análises científicas”, conta o veterinário pioneiro.
Por falar nisso, uma das novidades planejadas para este ano, é a “presença” de tecnologia de ponta no trabalho de julgamento. A empresa japonesa Nabel cederá para uso durante o concurso um exemplar da máquina Digital Egg Tester, modelo Det 6000, um aparelho que mede a qualidade do ovo sob rigorosos parâmetros científicos. “Essa é uma ferramenta com tecnologia altamente precisa, o que representará um ganho enorme em tempo e parâmetros de julgamento”, anuncia Sérgio Kakimoto. Em questão de segundos, a Det 6000 faz a medição do peso do ovo, da cor da gema, da resistência e espessura da casca do ovo, detecção de impurezas ou sangue no interior do produto. “Tudo isso com a mais precisa tecnologia digital de que o Japão dispõe atualmente, fornecendo relatórios preciosos para apoiar o trabalho de julgamento dos técnicos da comissão julgadora”, entusiasma-se Kakimoto.
Os organizadores do concurso que atravessa mais de três décadas têm consciência de que a prova anual a que se submetem os avicultores de Bastos é um dos fatores que fizeram a avicultura da Capital do Ovo crescer em excelência de produção. “Hoje, os concorrentes procuram os membros da Comissão Organizadora para entender os porquês do resultado, o que fez a diferença no ovo campeão e o que deve ser feito para se chegar lá. O produtor respeita cada vez mais o conceito de qualidade, o resultado do concurso e busca reproduzir a qualidade que vê nos concorrentes vencedores”, diz o veterano Milton Mizuma, satisfeito por estar cumprindo mais essa missão junto à tradicional avicultura da Capital do Ovo.
Serviço: Para contatos com o presidente da comissão organizadora do Concurso de Qualidade do Ovo 2009:
Sérgio Kakimoto – telefone (14) 9123-8078
e-mail [email protected]