Redação AI 25/11/2005 – O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Cláudio Bellaver, esclarece por meio deste artigo as afirmações descabíveis publicadas pela reportagem A mania dos orgânicos na mais recente edição da revista Veja. O pesquisador desmente, tecnicamente, as informações associadas à produção industrial de carne de frango e de ovos tratadas como verdadeiras pela autora da reportagem. Confira o artigo de Bellaver:
“Na reportagem A mania dos orgânicos, publicada na seção de Alimentos da revista Veja de 23/11/2005, a jornalista Rosana Zakabi mostrou falta de informação colocando a indústria avícola brasileira sob suspeita. Todos desejamos alimentos saudáveis e o Ministério da Agricultura procura, através de suas normas, direcionar a produção para a conformidade com o Codex Alimentarius. As empresas avícolas buscam adequar-se às normas ISO 9000, ISO 22000, EurepGAP, entre outras.
A Embrapa Suínos e Aves, com sede em Concórdia (SC), trabalha em parceria com o SENAI, SENAR e SEBRAE no programa de alimentos seguros PAS Campo; tudo isso, visando a segurança e qualidade dos alimentos produzidos industrialmente.
A jornalista erra na afirmação de que frangos recebem hormônios na ração, que o desenvolvimento maior dos frangos é fruto do hormônio da dieta das aves e que o preço maior dos alimentos orgânicos não assusta os consumidores.
Primeiro: os hormônios de crescimento são substâncias protéicas e se fossem usados nas dietas não teriam efeito farmacológico, pois seriam quebrados/destruídos pela digestão das aves. Portanto, seria pouco inteligente usá-los em dietas, pois não teriam eficácia. Também não podem ser injetados, pois imaginem só, injetar aproximadamente 5 bilhões de pintainhos. Seria uma tarefa dispendiosa, consumidora de mão-de-obra e desnecessária.
Segundo: o maior ganho de peso das aves é originário de mais de 40 anos de pesquisas em seleção genética, determinação de exigências nutricionais e balanceamento de cada nutriente da dieta, ambiência adequada com controles de temperatura, umidade do ar e ventilação das instalações, monitoria e controle de doenças da produção e zoonóticas e, adequado manejo da produção, transporte e transformação do frango em carne.
Terceiro: os trabalhos de preferência do consumidor em pagar maior valor por alimentos orgânicos revelou que, os consumidores deixam de comprar alimentos com apelo orgânico, quando o preço aumenta. Digo isso com base no trabalho de Ed Sparling e colaboradores: Regional Demand for Natural Beef Products – Urban vs. Rural Willingness to Pay and Target Consumers. Afirmei isso também em minha palestra realizada no Global Feed and Food Congress 2005 – Qualidade e padrões de ingredientes para rações, realizada sob os auspícios da FAO, IFIF e Sindirações, de
Claudio Bellaver, Med. Vet., Ph.D.
Pesquisador da Embrapa Suínos e Aves