As exportações brasileiras de carne bovina e suína devem continuar crescendo em 2020, enquanto o volume de embarques de carne de frango deve registrar uma estabilidade na comparação com o ano passado. As projeções foram feitas com base na análise das séries históricas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e constam em relatório publicado pela consultoria Bateleur.
As estimativas apontam para um crescimento de 7,14% nas exportações de carne bovina brasileira neste ano, o que equivale a 1,69 milhão de toneladas. Enquanto isso, os embarques de carne suína ao mercado externo podem ser 27,3% maiores do que no ano anterior, somando um total de 836,6 mil toneladas. No caso específico dos suínos, analistas esperam que até o fim do ano as taxas de crescimento não sejam tão altas quanto as observadas no início de 2020.
Já para a carne avícola, a perspectiva é de maior estabilidade, com um volume de 3,99 milhões de toneladas embarcadas. “Em um cenário mais otimista, pode haver crescimento de até 2,64% e, em um contexto mais pessimista, queda de 2,62% em relação ao volume de 2019”, acrescenta o documento.
A demanda do mercado externo continua aquecida, o que, somada à desvalorização da moeda brasileira, favorece a comercialização de produtos brasileiros no mercado internacional. Nesse sentido, parte importante da análise é a China, que já era um dos maiores importadores dos três tipos de carnes brasileiras, mas passou a comprar volumes ainda maiores a partir de janeiro. Entretanto, analistas da consultoria destacam que as recentes suspensões do país asiático a frigoríficos do Brasil elevam as preocupações das indústrias habilitadas para exportação.
Em relação ao mercado interno, a Bateleur comenta que o consumo de proteínas mais baratas, como frango, passou a ser a melhor opção em meio à crise econômica instaurada em função da covid-19. Por outro lado, as carnes bovina e suína acabaram passando por um momento de maior queda na demanda doméstica.
Para o especialista Ernani Carvalho, responsável pela análise, a pandemia do coronavírus elevou as preocupações a respeito da qualidade e segurança alimentar, o que deve levar o mercado de proteína animal a ganhar ainda mais relevância nos próximos anos. “Deveremos ver uma maior preocupação global voltada a garantir a oferta de alimentos em um momento em que problemas de ordem econômica podem afetar a dinâmica das cadeias de suprimento e diminuir o nível de renda da população. Além disso, os padrões de segurança e sanidade do alimento serão o novo foco”, diz ele no relatório.