Há muito tempo venho falando e escrevendo sobre as diferenças que existem nesta terra chamada Brasil no setor do agronegócio. É inadmissível ver a pujança deste setor que faz realmente a diferença no superávit da balança comercial, e ser tão mal representado ou valorizado por nossa classe política. A nossa suinocultura, excelência em produtividade, qualidade, mão de obra e genética, vem sofrendo há muito tempo esta falta de representatividade, de pessoas que realmente possam fazer a diferença nas capitais Estadual e Federal. Há exato nove meses hoje (22/03), estivemos na Assembléia Legislativa do Estado, onde participamos de uma Audiência Pública do setor para reivindicar as soluções para a crise que estávamos enfrentado, na qual foram tirados seis pleitos que teriam feito uma grande diferença se, ao menos, um deles tivesse sido colocado em prática por esta classe que tanto diz ser nossa defensora.
Um Brasil de Brasis, pois levamos um chute no traseiro por não cumprirmos com as responsabilidades assumidas com a Copa e muitos políticos se zangaram e fizeram todos os tipos de manifestações para mostrar o desagravo que tal crítica, na minha opinião “bem justa” causou. Isso não teve a mesma repercussão por parte destes quando a Rússia e Argentina embargaram a compra de Carne Suína Brasileira. Apesar de que, esta semana a Argentina noticiou que comprará através de cotas, porém esta notícia veio tarde demais, pois hoje (22/03) o preço base pago ao produtor caiu, sendo comercializado a R$ 2.00 o kg vivo. Um Brasil de Brasis. Enquanto laticínios e produtores de leite estão com dificuldades no mercado, a Argentina e Uruguai estão inundando o mercado Brasileiro de produtos lácteos e não vemos a manifestação da nossa classe política para barrar as importações ou sobretaxar as mesmas. E o que dizer de um País onde há milhares de famintos e o nosso governo doa recursos financeiros aos Países da África para comprar alimentos. Se ao menos tivessem enviado a carne suína estariam eles ajudando o povo africano e muitos de nós, pobres suinocultores…. Um Brasil que tem um Estado onde o “Status Sanitário” é diferenciado dos demais, mas com o menor preço e o maior custo, onde a real situação do produtor que vive da atividade é de lamentar, devido ao tamanho do prejuízo e a dos políticos que vivem como “Alice no País das Maravilhas”, sendo desejada por muitos mercados internacionais na qual não acredito mais que um dia chegaremos lá ou se realmente chegarmos, não teremos mais muitos destes bravos produtores. Um Brasil de Brasis que pagou PEP – Prêmio de Escoamento de Produção para exportar nosso milho e não teve a capacidade de fazer o mesmo para os produtores de SC e RS deixando-nos morrer à míngua. Como acreditar no agronegócio carnes com todos estes percalços? Como acreditar ainda no Brasil tendo que ler com freqüência notícias como estas: Doux Frangosul não paga produtores a mais de seis meses; Demissão na ADM e Cargil preocupa; Sete mil propriedades no DF não têm escrituras; Crise no arroz e suinocultura; Perda de área agricultável com o Novo Código Florestal ultrapassaria 33 mi de hectares; Usina flex é inaugurada com capacidade de processar 300 ton. de milho dia…
Precisamos ter um único Brasil, onde esta classe política possa realmente fazer a diferença para o agronegócio, se não tem capacidade de achar a solução, que aceite aquelas que as Entidades apresentam como foram as apresentadas nas Audiências Públicas. Ajudem-nos a acreditar em um novo BRASIL onde a política, se não puder ajudar, mas que ao menos não atrapalhe. Pensem Nisso.
Por Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos – [email protected]