O Banco Central (BC) projeta que o saldo das operações de crédito tenha crescimento de 7,6% este ano, puxado pelo crescimento da demanda das empresas por empréstimos. A revisão da estimativa, que em março era de crescimento de 4,8%, está no Relatório de Inflação, divulgado hoje (25).
Para as pessoas físicas, a previsão passou de 7,8% para 5,8%, enquanto a estimativa para as empresas subiu de forma expressiva, de 0,6% para 10%.
“De forma geral, essa revisão incorpora os efeitos do aumento acentuado na demanda das empresas por crédito, refletindo o comportamento precaucional ante o aumento das adversidades impostas pela pandemia da covid-19 e a necessidade de caixa da grande maioria das empresas decorrente da queda nas vendas”, destacou o BC.
Empresas
No caso das empresas, diz o Banco Central, houve aumento na projeção de crescimento do segmento de recursos livres (de 6% para 15,6%), “a despeito da deterioração do cenário prospectivo para a atividade econômica. Essa alteração se fundamenta na perspectiva de maior demanda de crédito das empresas, movimento que começou a ser percebido a partir da segunda quinzena de março, quando as firmas buscaram constituir liquidez para lidar com o agravamento da crise”, disse.
Segundo o BC, a expectativa de alta do dólar, em relação a 2019, também deve contribuir para elevação do crédito nesse segmento. “Tanto por seu impacto direto sobre os contratos que possuem encargos em moeda estrangeira, quanto pelo estímulo conferido a exportadores para antecipação de vendas ao exterior”, disse o BC.
No caso dos empréstimos com recursos direcionados (crédito com regras definidas pelo governo, destinados basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito) às empresas, a projeção é de expansão de 1%, ante estimativa anterior de retração de 8% do saldo. “A reversão na tendência decorre tanto dos programas de suspensão nos pagamentos das parcelas dos financiamentos em vigor, com destaque para as postergações de pagamento anunciadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), quanto pelo aumento esperado nas novas linhas criadas para combater os efeitos da pandemia”, destacou o BC.
Famílias
Na avaliação do BC, “os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres devem apresentar desaceleração, influenciados em parte pela postergação de gastos não essenciais, neste contexto de crise, e pelo adiamento de decisões de consumo”. “Os primeiros dados mostram queda acentuada no saldo do cartão de crédito à vista e reversão na trajetória dos financiamentos de veículos, modalidades sensíveis ao ciclo econômico, que apresentaram decréscimo no saldo em abril, repercutindo o recuo no volume de concessões. Os empréstimos consignados devem suavizar a desaceleração do crédito livre a pessoas físicas”, ressaltou.
Nesse contexto, o BC projeta crescimento desse segmento em 2020 de 6,5%, ante estimativa anterior de 10%.
Em relação ao saldo de crédito com recursos direcionados às famílias, foi mantida a projeção de crescimento divulgada anteriormente em 5%, “considerando que parte da desaceleração esperada nas concessões de financiamentos imobiliários, principal modalidade do grupo, deve ser compensada pela adesão dos mutuários aos acordos de suspensão de pagamentos de parcelas oferecidos pelos bancos”.