Após aumento anual médio de 10% nos preços dos alimentos nos últimos cinco anos, o governo tenta formular uma política para contê-los. O aumento da oferta de crédito rural e a desoneração dos produtos da cesta básica são os meios disponíveis, depois que a intervenção direta por meio dos estoques públicos de grãos revelou-se inexequível. Em reunião na semana passada, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foi avisada de que a Conab não tem estoques suficientes, apesar do crescimento contínuo da produção de grãos.
Hoje, a estatal praticamente não tem milho e feijão em seus armazéns e conta com apenas 756 mil toneladas de arroz, suficientes para um mês de consumo. O governo iniciou uma ofensiva para coordenar as expectativas do mercado. Na segunda-feira, no Paraná, a presidente Dilma Rousseff afirmou que não faltará financiamento para a agricultura neste ano. “Se gastarem o dinheiro, terá mais. O que gastarem, nós cobrimos”.
Ontem, a presidente disse que o governo estuda desonerar integralmente a cesta básica dos tributos federais. Isso deverá ocorrer ainda neste semestre e teria impacto direto de 0,3 ponto percentual no IPCA, podendo chegar a 0,44 ponto com os efeitos indiretos, segundo cálculos da consultoria LCA.
Na avaliação da Presidência da República, o Ministério da Agricultura não agiu no momento adequado para a aquisição de estoques. Agora, no curto prazo, não há condições de reforçá-los. Por isso, a Conab decidiu que vai aumentar o preço mínimo do feijão e da farinha de mandioca para incentivar o plantio. O feijão carioca, variedade mais consumida no país, subiu 31,53% em 2012 e o feijão preto, 44,2%.