O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a crise deixou “todo mundo mais humilde” e que o momento é de pensar o que foi feito de correto até o século 20 e promover aperfeiçoamentos no século 21. Lula ressaltou que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), antes da turbulência econômica, tinham todas as respostas para o desenvolvimento dos países pobres. “Quando a crise eclodiu nos países ricos, não tinham solução”, alfinetou. “Muitos governantes esqueceram de governar achando que o mercado por si só resolveria”, acrescentou.
Segundo Lula, os países emergentes, como China, Índia e Brasil, ganharam extrema importância dentro de um contexto de desequilíbrio entre os países desenvolvidos. “Seria importante que fizéssemos um estudo profundo do que seria o mundo hoje se a gente não tivesse a China, a Índia e o Brasil”, disse, dirigindo-se a Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), entidade que recepcionou ontem o presidente Lula e uma missão de empresários italianos.
Lula acrescentou ainda que os Estados Unidos demorarão para voltarem a ser uma potência de consumo como eram. “Eles vão ser muito mais cuidadosos. E (o presidente dos EUA, Barack) Obama já disse isso mais de uma vez”, destacou, reforçando que igual raciocínio pode-se aplicar aos países europeus.
Desenhado esse cenário, o presidente voltou a mencionar que é importante que países desenvolvidos e em desenvolvimento trabalhem juntos para expandir o mercado consumidor em nações mais pobres, como os países da África e da América Latina.
Para exemplificar o sucesso dessa estratégia, Lula mencionou uma vez mais o programa de governo Luz Para Todos, que segundo ele permitiu a 10 milhões de pessoas o acesso não só à energia elétrica, mas ao uso de equipamentos como televisores, geladeiras e aparelhos de som.
Ele citou ainda a força do crédito consignado como parte dessa estratégia para elevar o consumo dos mais pobres. “Foi uma invenção que veio de debate nosso. Não foi discutido na Academia. Quando descobrimos que o sistema financeiro não emprestava para pobres por falta de garantia, oferecemos como alternativa a folha de pagamento”, afirmou, destacando que a eficiência desse tipo de crédito se deve à limitação do uso de 30% do salário. “Em três anos, esse crédito ganhou R$ 103 bilhões”.