Amplamente utilizada em culturas perenes, a irrigação por gotejamento pode encontrar um espaço para crescer neste ano, alavancada pela conscientização dos produtores que precisarão diminuir o uso da água na lavoura. Entretanto, o alto custo é um dos entraves para extensão da técnica às grandes commodities.
O gerente agronômico da companhia de irrigação israelense Netafim, Carlos Sanches, conta que já foi possível observar um aumento expressivo na demanda por gotejamento. “Em 2014 a procura cresceu 15% e, para este ano, nossa projeção é que este percentual supere 30%. Os produtores têm se conscientizado, em busca de métodos mais eficientes”, explica.
Benefícios
Segundo Sanches, a economia no consumo hídrico gira entre 30% e 50%. Se utilizada junto à fertilizantes – o que configura a fertirrigação – o aumento de produtividade ultrapassa 100%.
O investimento para implantação varia de acordo com a cultura e região. No café, por exemplo, vai de R$ 3,5 mil a R$ 7 mil por hectare.
Contraponto
Em casos especiais, já é possível encontrar um tipo de gotejamento subterrâneo em lavouras de grãos, geralmente irrigadas por pivô central. Para o setor, um dos principais problemas é o custo de aplicação destes equipamentos em grandes áreas, como de soja e milho. “Este segundo que pode ter cerca de 65 mil plantas por hectare, diferente do hortifrúti, que tem em média 200 plantas na mesma área”, afirma o presidente da Câmara Setorial da Soja, Glauber Silveira da Silva.
O gerente da Valmont, Carlos Reis, acrescenta que o custo da implantação do gotejamento pode até triplicar nos casos de lavouras das grandes commodities, quando comparado ao valor dos equipamentos de sistema por pivô.
“Na verdade, a técnica que será utilizada na irrigação parte da demanda da planta. Sendo assim, o ideal é o uso racional da água. Estamos tentando educar as pessoas para medirem melhor a aplicabilidade no solo, o estágio de desenvolvimento da cultura, expectativa de chuva, etc.”, esclarece o vice-presidente da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação, da Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos (Abimaq), Márcio Santos. Para ele, a orientação principal é que aumente o monitoramento sobre o processo completo e que se tenha mais tecnologia embarcada, diante da atual situação de crise e possível restrição de água para a agricultura irrigada.