A decisão de alguns Estados de adiarem a volta às aulas por causa da epidemia de gripe A (H1N1), gerou um efeito inesperado sobre o mercado de carnes. Os preços do boi e do frango, que normalmente sobem nesta época do ano com o retorno às aulas após as férias, estão em queda.
Para analistas, o adiamento das aulas contribuiu para a queda dos preços das carnes, já que reduziu o consumo do produto, uma vez que milhões de crianças deixaram de receber a merenda escolar.
“A indicação é que o adiamento das aulas contribuiu para derrubar o preço do boi. Mas só saberemos com certeza, quando as aulas voltarem”, disse Fabiano Tito Rosa, analista da Scot.
Uma fonte de frigorífico afirmou que a decisão de postergar o início das aulas reduziu a demanda por carnes das cozinhas industriais que preparam os alimentos para a merenda. “Houve represamento da carne”, disse.
Mas há outras razões para a queda dos preços do boi. O prolongamento das chuvas no Centro-Oeste, principal região de boi do País, também fez a oferta de gado aumentar, afirmou a mesma fonte.
José Vicente Ferraz, da AgraFNP, concorda que há um “efeito gripe” nos preços, mas vê na redução das cotações do boi principalmente o efeito da pressão de frigoríficos, que reduzem os abates num momento de queda nas exportações de carne. “Diante da oferta menor (por conta do ajuste do ciclo da pecuária), o boi deveria estar em R$ 85,00”, afirmou.
Oto Xavier, da Jox Assessoria Agropecuária, disse que ainda não é possível estimar o impacto do adiamento das aulas no consumo de frango, mas a queda ocorreu. O quilo da ave viva fechou sexta-feira estável em R$ 1,60 o quilo. Vem em queda desde 15 de julho, quando estava em R$ 1,90 em São Paulo. No caso do frango, a oferta elevada também pressiona. Em junho, o alojamento somou 482,1 milhões de pintos, 10,31% mais que um ano antes.
A carne suína também já sente o efeito colateral da gripe e das exportações menores do produto. A arroba suína em São Paulo caiu de R$ 40,50 para R$ 38,50 em um mês, segundo a Jox.