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H1N1

Crise nos preços

<p>Gripe A afeta as cotações de carne bovina, suína e de frango. Adiamento das aulas contribuiu para a queda dos preços das carnes.</p>

A decisão de alguns Estados de adiarem a volta às aulas por causa da epidemia de gripe A (H1N1), gerou um efeito inesperado sobre o mercado de carnes. Os preços do boi e do frango, que normalmente sobem nesta época do ano com o retorno às aulas após as férias, estão em queda.

Para analistas, o adiamento das aulas contribuiu para a queda dos preços das carnes, já que reduziu o consumo do produto, uma vez que milhões de crianças deixaram de receber a merenda escolar.
 

Levantamento da Scot Consultoria mostra que, historicamente, a carne bovina e o boi sobem no período entre julho e agosto de cada ano. Entre 1998 e 2008, a alta média apurada para o boi foi de 3,5% e para a carcaça bovina, de 5,8%. Entre julho e agosto deste ano, a carcaça já recuou 2,9% no atacado. No mercado de São Paulo, uma referência de preços para o boi, a arroba caiu 3,6% em um mês, saindo de R$ 83,00 para R$ 80,00 (a prazo), na sexta, segundo a Scot.

“A indicação é que o adiamento das aulas contribuiu para derrubar o preço do boi. Mas só saberemos com certeza, quando as aulas voltarem”, disse Fabiano Tito Rosa, analista da Scot.

Uma fonte de frigorífico afirmou que a decisão de postergar o início das aulas reduziu a demanda por carnes das cozinhas industriais que preparam os alimentos para a merenda. “Houve represamento da carne”, disse.

Mas há outras razões para a queda dos preços do boi. O prolongamento das chuvas no Centro-Oeste, principal região de boi do País, também fez a oferta de gado aumentar, afirmou a mesma fonte.

José Vicente Ferraz, da AgraFNP, concorda que há um “efeito gripe” nos preços, mas vê na redução das cotações do boi principalmente o efeito da pressão de frigoríficos, que reduzem os abates num momento de queda nas exportações de carne. “Diante da oferta menor (por conta do ajuste do ciclo da pecuária), o boi deveria estar em R$ 85,00”, afirmou.

Oto Xavier, da Jox Assessoria Agropecuária, disse que ainda não é possível estimar o impacto do adiamento das aulas no consumo de frango, mas a queda ocorreu. O quilo da ave viva fechou sexta-feira estável em R$ 1,60 o quilo. Vem em queda desde 15 de julho, quando estava em R$ 1,90 em São Paulo. No caso do frango, a oferta elevada também pressiona. Em junho, o alojamento somou 482,1 milhões de pintos, 10,31% mais que um ano antes.

A carne suína também já sente o efeito colateral da gripe e das exportações menores do produto. A arroba suína em São Paulo caiu de R$ 40,50 para R$ 38,50 em um mês, segundo a Jox.