No artigo anterior conversamos sobre o funcionamento das curvas de alimentação e a melhora que essas trazem ao GPD e à CA.
Apesar dos benefícios, é praticamente impossível para uma pessoa gerenciar essas curvas em nível diário considerando que uma granja típica terá suínos em vários dias de vida diferentes e, em algumas, até a separação de gênero é feita, sem mencionar casos de ciclo completo quando gestação, maternidade, creche, crescimento e terminação ocorrem todos ao mesmo tempo e com milhares de animais.
Os casos mais comuns, e financeiramente prejudiciais, são o “trato a vontade” e “quantidade linear de ração” ao longo da vida dos suínos. O primeiro caso permite que o suíno consuma quantidade expressiva de ração que não é convertida em carne, o segundo frequentemente gera a mesma falha nos primeiros dias de vida e perigosa falta de alimento na fase de maior demanda energética (juvenis), gerando lotes não uniformes, agressividade e atrasos no ganho de peso.
Mesmo em granjas com automação para auxiliar na alimentação, se essa se limitar a entregar uma quantidade estabelecida por humanos sem tomar decisões por si só com base nos animais, a tarefa continuará árdua e bastante suscetível a erros, mascarando prejuízos sistêmicos e possivelmente rotineiros, ou na produção ou na correta entrega de alimentos a cada suíno.
Quando aplicada por humanos e visando tornar a logística mais realizável, alguns suinocultores optam por construir curvas com saltos semanais na quantidade de alimento. Essas granjas contam com lotes mais uniformes e já desfrutam de otimização no consumo de ração, porém ainda perdem desempenho uma vez que a demanda metabólica de cada animal na granja se altera diariamente, recebendo, durante cada semana, menos do que deveria nos primeiros dias, e mais do que deveria nos últimos.
Embora raros, alguns sistemas automáticos permitem não só o desenho das curvas de alimentação esperadas para cada suíno na granja, mas também contam com a possibilidade de desenhar a própria granja nos mesmos, de modo que quando devidamente alimentados, produzem e entregam sozinhos a quantidade exata de alimento para cada animal, com base em dados como sua idade, baia, sala, galpão, sexo, demanda de medicamentos, etc. Esses sistemas permitem não só o máximo desempenho alimentar dos animais como a avaliação da estratégia frente aos resultados, dando ao gestor a possibilidade de “ajustar as curvas” e obter os resultados previstos.
Esses mesmos sistemas devem não somente produzir e entregar autonomamente os alimentos, como gerar relatórios que tornem transparente sua operação e permita, através das curvas, ajustes estratégicos de matéria prima, formulações, quantidades e substituições de componentes, dando ao suinocultor total poder para diariamente obter do seu plantel os melhores resultados.
Os melhores sistemas automáticos de alimentação líquida para suínos já nasceram com esse princípio e contam não somente com a entrega automática, mas também com a preparação com base em fórmulas que levam em conta não apenas dados nutricionais, mas também proporções de “matéria seca”, garantindo que os suínos recebam exatamente o que precisam a cada dia, sendo esse um dos fatores que reduzem a conversão alimentar em até 15% quando devidamente implementados.