Grupo de Trabalho composto pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Associação Brasileira das Empresa de Genética Suína (Abegs) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) se reuniu entre os dias 27 e 29 no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para dar continuidade à elaboração do plano nacional de contingência para doenças exóticas, com foco inicial na PED (do inglês, Porcine Epidemic Diarrhea). Segundo o diretor executivo da ABCS, Nilo de Sá, a expectativa é finalizar o plano nos próximos meses.
O trabalho iniciado em novembro de 2014 tem como objetivo unir a iniciativa pública e privada na difusão da informação sobre doenças exóticas e emergentes visando a prevenção da entrada nas granjas brasileiras e debater sobre planos de contingência em casos de surtos da PED.
A doença, ainda não diagnosticada em território nacional, é causada por um vírus de alta capacidade de transmissão indireta e grande resistência que atingiu países como EUA, México, Canadá, Peru, Colômbia, República Dominicana, Equador e Guatemala com grande prejuízo econômico (mortalidade de 20% a 100% em fase de maternidade). Apenas nos Estados Unidos estima-se uma perda de mais de 7 milhões de animais em decorrência dos surtos de PED. “Não podemos ser surpreendidos. Esperamos não precisar, mas o setor deve estar pronto para reagir caso seja confirmado algum foco da doença em território nacional”, explicou Nilo de Sá.
O Plano de contingência trará uma série de medidas a serem executadas caso a doença seja identificada em solo brasileiro. O documento orientará sobre que autoridades acionar em casos de suspeita; procedimentos para coleta de material e isolamento da granja, métodos para confirmação do diagnóstico, entre outros. “O detalhamento das ações a serem executadas visa agilizar o processo de erradicação do vírus e diminuir impactos financeiros para o produtor, em caso de confirmação da PED em granjas brasileiras”, relatou a coordenadora do Programa Nacional de Sanidade Suídea do Departamento de Saúde Animal do MAPA, Adriana Cavalcanti Souza.
Segundo a coordenadora a parceria público privada permitiu a troca de experiência entre técnicos dos dois setores e trouxe excelentes resultados para o debate sobre sanidade suídea. “Queremos proteger o suinocultor e blindar as granjas brasileiras das doenças exóticas que surgem no mundo a cada ano”, explicou Adriana.
Para o diretor executivo da ABCS, a criação de um plano de contingência da PED aumenta a confiança do mundo na qualidade da carne suína brasileira e nas condições sanitárias da suinocultura brasileira. “A iniciativa contribuirá para reforçar o status sanitário brasileiro, que já é um diferencial competitivo”, enfatizou.
Segundo o diretor as boas condições sanitárias no Brasil são resultado de um trabalho conjunto da ABCS com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e entidades do setor que entre outras iniciativas reativou a Estação Quarentenária na Ilha de Cananeia (EQC), elevando a biosseguridade na importação de suínos vivos.
Embora seja importante elaborar um plano de contingência para controle de doenças exóticas que possam atingir as granjas brasileiras, Nilo relembra que é fundamental a conscientização do produtor para barrar a entrada do vírus em sua granja por meio de medidas básicas de biosseguridade como fazer controle de visitantes -procedência, tempo mínimo sem contato com suídeos-, adquirir reprodutores somente de granjas certificadas (GRSC), desinfetar materiais e equipamentos antes da entrada na granja, lavar e desinfetar veículos.
O Grupo de Trabalho composto pela ABCS, ABEGS, ABPA é permanente. Além da PED, o GT debaterá o contingenciamento de outras doenças exóticas que possam atingir os plantéis brasileiros. “Cada ano que passa a gama de patógenos no mundo aumenta. A formação deste grupo multidisciplinar entre o Mapa e o setor privado demonstra o amadurecimento da suinocultura brasileira, que está cada vez mais organizada para prevenir introdução de patógenos e, na última instância, atender mais prontamente emergências sanitárias”, destacou o representante da ABEGS, Daniel Linhares.