No ano de 2010, não faltaram dificuldades para o setor de defensivos agrícolas. Os desafios não nos esmorecem: fazem-nos olhar para frente com energia redobrada para superá-los. O fato é que temos enfrentado obstáculos que vêm prejudicando a nossa capacidade de colocar as inovações tecnológicas desenvolvidas pelas empresas associadas à Andef, Associação Nacional de Defesa Vegetal, a serviço dos produtores agrícolas brasileiros, na velocidade e intensidade que gostaríamos. Afinal, são as novas tecnologias que têm tornado o país esse celeiro de alimentos que o mundo tanto necessita.
Quando usamos a idéia de ‘celeiro’, lembra da conversa que tive, recentemente, com o representante da FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Helder Muteia esteve conosco durante o Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos, que a Andef realizou, juntamente com a Abag, no dia 14 de outubro. O dirigente da FAO no Brasil então disse: ‘Muitos falam da fome como discurso político, mas só quem conviveu com essa tragédia sabe o que ela significa para o ser humano’.
Novas tecnologias
Pois superar esse drama – que aqueles críticos das tecnologias, ingênuos ou radicais, não querem compreender -, é o grande desafio da agricultura. O resultado do nosso trabalho, das nas nossas empresas, no final das contas, é este: gerar mais alimentos e com qualidade. E somos muito orgulhos dessa nossa missão.
Entendemos que o marco regulatório precisa ser aperfeiçoado, a fim de conferir maior agilidade aos órgãos governamentais encarregados de analisar e aprovar as novas tecnologias demandadas pelos agricultores, bem como oferecer um horizonte de maior previsibilidade às empresas para definirem seus planos de investimentos.
Ora, o que temos visto, porém, é alguns órgãos regulatórios encarregados de analisar os pedidos de registros de Novos Ingredientes Ativos e melhorias nas formulações existentes, entre outras demandas, continuarem a trabalhar numa morosidade totalmente incompatível com a dinâmica que o mundo exige quando o assunto é a produção de grãos, fibras e energias renováveis.
A Andef é defensora do máximo rigor na análise das solicitações. Até porque, é exatamente este o diferencial das nossas quinze associadas, que investem altos recursos em Pesquisa e Desenvolvimento de novas tecnologias. Mas também pleiteamos que os órgãos registrantes embasem suas análises, unicamente, no rigor do conhecimento científico, e mobilizem esforços para agilizar os pleitos já encaminhados para análise e registro. Lamentavelmente, entretanto, o que temos observado é a postura de alguns órgãos contra a tecnologia da defesa vegetal cada vez mais ideologicamente enviesada, com foco em ações punitivas pouco, ou nenhum, interesse em ações educativas e preventivas.
Setor estratégico para o agronegócio
Mas, apesar desses grandes desafios, nosso balanço de 2010 também tem bons motivos para comemorar. Como entidade representativa das empresas de pesquisa e desenvolvimento em defensivos agrícolas no país, a Andef faz uns balanços positivos de suas inúmeras atividades institucionais.
Também foi um ano muito bom para a agricultura. Salvo algumas regiões que tiveram maiores problemas climáticos, o agronegócio terá um saldo bastante positivo. Como setor estratégico para o desempenho agrícola, nossa indústria pôde recuperar parte de sua competitividade. Especialistas apontam, para o próximo ano, a continuidade do crescimento sustentado do agronegócio; portanto, vamos continuar de ‘mangas arregaçadas’, como, aliás, estivemos este ano todo que termina.
Enfim, concluímos lembrando a frase de um conhecido cientista – já que o nosso business é a Ciência. Albert Einstein disse o seguinte: ‘Na confusão, busque a simplicidade. Na discórdia, busque a harmonia. Na dificuldade, está a oportunidade.’
Portanto, que assim seja em 2011. Um ano repleto de realizações para a todos nós, em nossas atividades, em nossas companhias e em nossos lares.
*João Sereno Lammel é presidente do Conselho Diretor da Andef, Associação Nacional de Defesa Vegetal.