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Mercado Interno

Déficit de mão de obra preocupa indústria de aves e suínos

Segundo a ABPA, o déficit de mão de obra qualificada no segmento chega a 20 mil pessoas

Déficit de mão de obra preocupa indústria de aves e suínos

Aurora, BRF, São Salvador e Seara (JBS), juntas, empregam mais de 100 mil pessoas no Brasil. Não por acaso, portanto, os gestores dessas companhias de carnes suína e de aves compartilham uma mesma preocupação: a falta de mão de obra qualificada. Eles buscam maneiras de reter bons profissionais em suas plantas frigoríficas, sem elevar demais os custos com a folha salarial. No caminho, disputam o interesse pelos trabalhadores com empresas de outros setores econômicos, que também estão demandando mais gente.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) reuniu representantes dessas empresas em São Paulo, nesta quarta-feira. O tradicional painel de CEOs do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs) contou com a participação de João Campos, CEO da Seara, José Garrote, presidente do conselho de administração da São Salvador, Lorival Luz, CEO global da BRF e Neivor Canton, presidente da Aurora.

De acordo com a ABPA, o déficit de mão de obra qualificada neste segmento é de 20 mil pessoas. Dados das empresas indicam que a São Salvador emprega 7,4 mil pessoas e a Aurora, 41 mil. A Seara e a BRF não possuem informações detalhadas, mas sabe que a dona da Sadia tem mais de 100 mil colaboradores no mundo e a JBS, proprietária da Seara, cerca de 100 mil colaboradores no mundo e a JBS, proprietária da Seara, cerca de 250 mil funcionários.

“Acredito que o déficit seja maior. Só em uma planta nossa, precisamos de 500 pessoas”, comentou Garrote. A São Salvador, cujo faturamento alcançou R$ 5,8 bilhões em 2021, tem duas unidades de abate em Goiás.

Riscos e custos

A falta de mão de obra representa um risco para as operações desses frigoríficos, já que alguns processos ainda não podem ser automatizados, e também se reflete nos custos. É comum que as companhias tenham que elevar a remuneração dos trabalhadores para “segurá-los”.

“O que nós devemos fazer é acelerar nossos processos de qualificação e investir em tecnologia para suprir as necessidades”, ponderou presidente da Aurora Alimentos, que faturou R$ 19,4 bilhões em 2021 e que possui 17 frigoríficos no país.

João Campos, da Seara, disse que a estratégia da companhia para reter de mão de obra envolve a criação de planos de carreira. “Muitos entram como operadores e se tornam supervisores, e essa perspectiva de crescimento é importante”. A empresa faturou R$ 36,5 bilhões em 2021.

O CEO global da BRF, Lorival Luz, destacou o papel do segmento de proteínas para gerar empregos e renda no país. “Não só nos grandes centros urbanos, mas também nos rincões”, disse. A receita da operação brasileira da dona da Sadia chegou a R$ 24 bilhões em 2021. A empresa tem 32 plantas de abate no país.

As discussões no Siavs envolveram as vantagens e os desafios da área de aves e suínos. Segundo o CEO da BRF, há um potencial gigantesco para avançar em carne suína. “Nós, como indústria, precisamos desmistificar o preparo do produto. Quanto tivermos o mesmo grau de consumo per capita dos Estados Unidos, haverá uma oportunidade para todos nós”, afirmou Lorival Luz.

Status sanitário

Garrote realçou a importância de manter o status sanitário brasileiro — que, segundo ele, tem sido um diferencial em momentos de crises no mundo, como as geradas pela peste suína africana e pela gripe aviária. “Mesmo em países com muita tecnologia, quando tem problema com doenças, a competitividade vai por água abaixo. Em 30 anos de Avicultura, já vi muitas empresas serem vendidas ou fecharem por questões de sanidade”, declarou.

Canton chamou atenção para a dificuldade de se fazer gestão em propriedades rurais. “Muitas vezes é mais difícil gerir uma propriedade do que uma pequena empresa. Então, o produtor precisa ficar atento. Problemas sempre teremos, mas é preciso saber a causa e saber atacar a causa. É essencial”.