A dependência da China como cliente para os exportadores de carnes não é uma questão isolada do Brasil e não preocupa os frigoríficos. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, em debate virtual promovido pela consultoria Datagro.
“A China está comprando porque precisa e vai pagar, mas é uma situação diferente do que aconteceu com a Rússia. Até porque não apenas o Brasil mas todos os grandes mercados têm na China um importante comprador”, disse Santin, em alusão à dependência que os frigoríficos brasileiros tiveram dos russos na década passada.
Na avaliação de Santin, o país asiático continuará a ser um grande mercado para a importação de carne suína, mesmo que a recomposição do rebanho do país asiático ocorra em 2025. Desde 2018, a China sofre com uma epidemia de peste suína africana, o que reduziu o plantel e estimulou importações.
“Se a China lograr voltar aos 54 milhões de toneladas [de produção de carne suína] em 2025, ainda assim vai precisar 56 milhões de toneladas de carne suína [para consumo]. A importação tende a diminuir mas não deve parar”, avaliou Santin.
Conforme estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção chinesa de carne suína alcançará 40,2 milhões de toneladas neste ano, ante 55,4 milhões de toneladas em 2018.
As importações do país asiático, que consome metade da carne de porco do mundo, devem pular das 1,5 milhão de toneladas vistas em 2018 para 4,4 milhões de toneladas neste ano.