Um dos donos do maior grupo processador de carne bovina do mundo, o JBS-Friboi, José Batista Júnior irá tentar conquistar para o agronegócio o governo do estado de Goiás, seguindo os passos do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que chegou a ser o maior produtor de soja do mundo. Batista Júnior filiou-se ao PTB, em sua segunda incursão no mundo partidário. Na primeira, em 2005, quando ingressou no PSDB, desistiu de tentar candidatura quando começou a enfrentar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acusações de cartelização na produção de carne. Batista Júnior negou as acusações e a Friboi terminou excluída do processo, encerrado em 2007.
Os planos de Batista Júnior são ambiciosos: o empresário quer reunir em seu palanque todas as forças políticas em Goiás. Atualmente, a disputa goiana se divide em três blocos: o do governador Alcides Rodrigues (PP), que não pode disputar a reeleição e incentiva o surgimento de uma candidatura unindo PP, DEM e PR; o do prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), que pretende se coligar com o PT e o do senador Marconi Perillo (PSDB), relativamente isolado mas com o prestígio popular de ter sido eleito governador duas vezes. Morador em Fort Collins, no estado norte-americano do Colorado, mas natural de Anápolis, Batista Júnior se acha vocacionado para representar a todos.
” A disputa seria muito difícil para todas as partes, que atualmente têm mandato. Escolhi o PTB justamente porque o partido pode compor com todos. Goiás pode caminhar para um grande consenso. Se for para bater chapa com alguém, eu não vou entrar ” , afirmou. Batista Júnior afirma que irá aguardar até maio do próximo ano para tomar uma decisão. ” É a data decisiva porque saberemos se o Iris quer ou não disputar em 2010. Para concorrer, ele vai ter que se desimcompatibilizar ” , disse.
Batista Júnior afirmou que em 2010 só interessa concorrer ao governo do Estado. ” Há um acordo estatutário no JBS que impede os acionistas de disputarem mandato legislativo ” , disse. Batista Júnior descarta qualquer solavanco na trajetória da JBS caso concorra ao governo de Goiás no próximo ano. ” A JBS abriu capital em 2007 e as presidências executivas estão com meus irmãos. Estou só na presidência do Conselho Administrativo da operação nos Estados Unidos e sou integrante do Conselho aqui. Terei tempo para me dedicar à política, se for o caso ” , afirmou.
O empresário não teme concorrer na mesma faixa em Goiás em que o presidente do Banco Central, o também anapolitano Henrique Meirelles (PMDB), poderá transitar. ” O Meirelles é do mundo financeiro, é de um universo diferente do meu. E ao escolher o PMDB como partido, ele perdeu a condição de funcionar como candidato de consenso ” , disse.
A JBS se destacou em 2006 como grande financiadora de campanhas. Doou ao total R$ 7,5 milhões, segundo o registro do Tribunal Superior Eleitoral ( TSE). Um terço deste valor foi destinado à campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Batista Júnior não poupa elogios. ” Lula fez um governo que internacionalizou o Brasil ” , afirmou, em uma espécie de auto-referência velada, já que a JBS desde 2005 comprou empresas na Argentina , Estados Unidos e Austrália e passou a produzir carne bovina nestes países.
Alem de Lula, a JBS ainda financiou as campanhas do governador goiano Alcides Rodrigues (PP) com R$ 1,5 milhão e a do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), com R$ 500 mil. O empresário afirmou que o ecletismo de suas preferências eleitorais e das alianças com que espera contar caso concorra em 2010 não devem prejudicá-lo. ” Não vejo problema nenhum em ter uma coligação com apoiadores do Serra e da Dilma na eleição presidencial. Eu posso estar no palanque dos dois. Ou de nenhum deles, se for este o caso. O governador é uma coisa à parte. Cada partido faz seu palanque ” , afirmou.