Alçada à vice-liderança do mercado global de produtos veterinário depois da aquisição dos ativos da Bayer no segmento, a americana Elanco está concentrada em integrar os negócios e capturar sinergias para iniciar 2021 preparada para crescer e conquistar melhores resultados no pós-pandemia.
A compra da divisão da multinacional alemã, fechada por US$ 7,6 bilhões, foi concluída em agosto, e encerrou um período em que as atenções da Elanco tiveram que ser divididas entre o dia de suas diversas áreas de atuação, seu desmembramento da farmacêutica Eli Lilly, anunciado em 2018, e uma série de aquisições, que culminou com a dos ativos da Bayer. E neste ano surgiu a covid-19, que afetou o mercado veterinário como um todo.
No segundo trimestre, já em meio à pandemia, as vendas globais da companhia, ainda sem incluir as da Bayer no segmento, alcançaram US$ 586,3 milhões, 25% menos que entre abril e junho do ano passado – a receita da líder mundial Zoetis, também americana, permaneceu em US$ 1,5 bilhão. E a Elanco encerrou o período com prejuízo líquido de US$ 53,2 milhões, ante lucro de US$ 35,9 milhões um ano antes.
Para este terceiro trimestre, a empresa projeta vendas mundiais de US$ 660 milhões e US$ 710 milhões. A participação do Brasil na receita não é revelada, mas as vendas na América Latina, lideradas pelo mercado brasileiro, representam 12% do total no segmento veterinário como um todo, e a Elanco não foge muito a esta regra – a empresa passou a ser a terceira maior do ranking nacional do segmento.
Sergio Schuller, diretor-geral da Elanco Brasil lembra que a conclusão da aquisição dos negócios da Bayer foi há menos de 50 dias e que, nesse período, houve um amplo trabalho de definição de lideranças e que começaram a ser integrados sistemas, processos, equipes e portfólios.
O executivo, que trabalhava na Bayer, substituiu Carlos Kuada, que continua baseado no Brasil mas passou a ocupar o cargo de vice-presidente sênior comercial para a América Latina. Como seu antecessor, Schuller destaca que a complementaridade dos portfólios de Elanco e Bayer, principalmente no Brasil, será um dos trunfos da companhia na retomada pós-pandemia.
“Agora temos um balanço melhor entre espécies, já que a Bayer era forte em produtos voltados a pets”, diz o novo líder da Elanco no país, onde a companhia passou a contar com mais de 300 funcionários – agora são cerca de 10 mil no mundo. No segmento voltado aos animais de produção (bovinos, aves e suínos), adiantou, a plataforma de serviços, o pipeline e a área de sanidade estão sendo reforçados.
Como observou Rosemary Vidor, gerente de marketing da Elanco para a América Latina, a pandemia impôs novos padrões de sanidade para os alimentos consumidos no mundo e essa tendência também pode beneficiar os negócios da empresa.
Como em janeiro, quando será deflagrado o projeto “One Elanco”, o horizonte ainda estará nublado, qualquer vantagem terá de ser bem aproveitada. “A retomada da economia será gradual”, diz Schuller. Mas ele acredita que o mercado de carnes ficará firme no Brasil, em boa medida puxado pelas exportações, o que tende a favorecer a Elanco.