Da Redação 13/12/2004 – Em lugar de bailões, rodeios ou churrascos entre amigos, os maiores sucessos das músicas sertaneja e nativista estão sendo tocados em ordenhadeiras, pocilgas e aviários. O uso da música nas criações tem se difundido em todo o Estado, mas em Selbach, município do Alto Jacuí, a 271 quilômetros de Porto Alegre, os produtores foram contagiados pela técnica.
Por acalmar os animais, ela é apontada como responsável por aumentar a produção e diminuir os custos para os criadores.
“Não adianta empurrar qualquer música. Os ouvidos dos animais são muito sensíveis. Recomendam-se sons contínuos, tranqüilizadores”, explica Pedro Urubatan, técnico da Emater.
Mesmo com a advertência, os criadores preferem deixar os aparelhos de som ligados em rádios locais a todo o volume, e ainda assim contabilizam melhorias.
Os produtores argumentam que as emissoras apresentam constantes variações, alternando músicas amenas e agitadas com os gritos dos empolgados locutores. Isso faz com que os animais não alterem seu comportamento frente a barulhos bruscos ou na presença de estranhos.
O emprego da música é comum nos municípios da região de Ijuí, principalmente entre os criadores de suínos e de vacas leiteiras. Conforme Urubatan, o maior benefício na ordenha é o relaxamento muscular proporcionado pelo conforto do animal ao ouvir a música. Caso as vacas estejam estressadas, podem dificultar a ação manual ou da máquina, retendo leite no úbere e provocando inflamações, como a mamite.
Nas pocilgas e nos aviários, a ação da música incentiva a conversão alimentar, observa Florêncio Urbano, técnico da Emater. Na prática, os suínos e os frangos tendem a engordar com maior facilidade comendo a mesma quantidade de ração.
A conversão alimentar é o melhor aproveitamento da comida, resultando em redução de custos para os criadores e aumento do peso dos animais.
A música no meio rural tem se difundido pelo contato direto dos produtores em eventos promovidos por sindicatos e cooperativas e até mesmo na velha conversa informal na beirada da cerca. Quem adotou a prática recomenda, e quem vê os outros fazerem, experimenta.