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Em Deus nós confiamos... - Por Bruno Pimenta

Existem inúmeras maneiras corretas de se ventilar, bem como existe uma grande quantidade de equipamentos e parâmetros a serem calculados para que sejam atingidos resultados satisfatórios.

Em Deus nós confiamos... - Por Bruno Pimenta

A quantidade de consultas referentes à ambiência e ventilação evidencia uma clara preocupação dos produtores e das indústrias em incrementar o bem estar animal e atingir melhores índices produtivos na suinocultura. Os novos projetos que contemplam ventilação se multiplicam, bem como a necessidade de se entender como dimensionar corretamente os sistemas e tomar decisões em relação a velocidade de ar, número de trocas de ar, umidade relativa, etc.

Existem inúmeras maneiras corretas de se ventilar, bem como existe uma grande quantidade de equipamentos e parâmetros a serem calculados para que sejam atingidos resultados satisfatórios. No entanto, antes de gastarmos tempo com cálculos, planilhas de dimensionamento e estudos de troca de ar e velocidade, precisamos entender como a temperatura do local pode se comportar ao longo do ano.

O comportamento da temperatura fornece preciosos subsídios a tomada de decisão, uma vez que podemos adequar o sistema de controle climático as condições da região e diminuir custos de aquisição de equipamentos. Um exemplo ocorre no sul do país em lugares com temperatura média anual baixa em que existe a dúvida sobre a necessidade de utilização de pad cooling para resfriamento animal ou a simples utilização de nebulizadores, que tem menor custo.

O ideal a fazer seria obter os dados de temperatura, de hora em hora, durante um período de tempo que contemple todas as estações do ano. Assim é possível escolher um limite de temperaturas (preferencialmente aquelas que se traduzem em conforto animal para determinada categoria) e analisar a quantidade de horas em que o animal estaria em estresse calórico, ou frio, ou conforto, durante o período avaliado.

Ao analisarmos a temperatura de Castro (PR) de 01 de agosto de 2013 a 31 de agosto de 2014, temos o seguinte: 

TEMPERATURA

Q HORAS

% TEMPO

Temperatura igual ou maior que 28º C

261

3

Temperatura igual ou menor que 20º C

6856

72

Temperatura entre 21º e 27º C

2387

25

Durante o período de tempo analisado, a temperatura ficou acima de 28o C apenas 261 horas, ou 3% do tempo total. Temperaturas acima de 28o C podem sugerir estresse calórico em determinadas categorias animais e é nesse momento que os dados poderiam ajudar a tomar melhores decisões. Por exemplo, devo utilizar um sistema de resfriamento? Em caso positivo, qual? Pad cooling? Nebulizadores? Obviamente devemos sempre associar tudo isto as condições locais de mão-de-obra e manejo.

Em 72% do período analisado a temperatura ficou abaixo ou igual a 20o C, ou seja, um tempo considerável. Isto nos indicaria a importância de um correto sistema de aquecimento e escolha do combustível a ser utilizado, que seria altamente demandado. Claro que não se pode afirmar que os dados de apenas 395 dias são o padrão de comportamento de temperatura de Castro (PR). Para tanto necessitaríamos de uma série histórica bastante consistente, mas já temos uma indicação do que esperar ao longo do ano.

A partir daí podemos voltar aos cálculos de velocidade de ar, trocas de ar, tipos de equipamento, etc., sempre tentando entender o contexto das recomendações dadas pelas empresas, suas origens e propósitos, para que possamos aliar economia e desempenho em nossos projetos e obter os melhores resultados.

Em seu próximo encontro para discussão do novo projeto, lembre-se das palavras de W. Edwards Deming:

“Em Deus nós confiamos; todos os outros precisam apresentar dados.”