A soja fechou em leve alta na bolsa de Chicago no pregão de hoje (29/11), impulsionada pelo tempo seco na Argentina. Os contratos da oleaginosa que vencem em janeiro do ano que vem, os mais negociados, subiram 0,15%, a US$ 14,5950 por bushel, e os papéis para março de 2023 avançaram 0,22%, a US$ 14,66 por bushel.
A baixa umidade na Argentina tem afetado a semeadura do grão da safra 2022/23, segundo João Pedro Baptistini, analista de mercado da StoneX. “O atraso do plantio de soja é o maior em uma década”, disse. Até o momento, os argentinos plantaram 20% da área prevista para o grão, ritmo bem inferior aos 40% de um ano atrás.
Ontem, os argentinos retomaram o “dólar-soja”, taxa de câmbio especial para embarques do grão, de 230 pesos para cada dólar. O analista afirma que a medida ainda não tem forças para direcionar os preços em Chicago. “Em setembro, na primeira etapa do dólar-soja, os produtores aproveitaram a grande disponibilidade de grão para vender. Como a oferta está um pouco mais limitada agora, isso pode ter contribuído para uma reação tímida dos preços em Chicago”, avaliou.
Segundo Baptistini, o cenário conturbado em torno da política de “covid zero” na China país limita o avanço das cotações dos grãos. “As restrições sanitárias na China aumentam as preocupações com o desempenho da economia local e com a demanda por produtos importados. Neste momento, isso pesa mais do que a questão climática na Argentina, já que ainda pode voltar a chover no país”, destacou o analista.
Milho
Nas negociações do milho, os papéis para março do ano que vem, os de maior liquidez, fecharam em queda de 0,26%, a US$ 6,6950 por bushel. O declínio teve relação direta com as restrições sanitárias chinesas, afirma o analista, e também com a renovação do acordo entre Rússia e Ucrânia para os ucranianos exportarem grãos pelo Mar Negro.
De acordo com o analista, os preços só voltarão a subir com o início do período das chuvas na região do rio Mississipi, que pode acelerar os embarques americanos, e quando ficar mais claro como será a safra de milho na Argentina. “O mercado aguarda a concretização da colheita de 50 milhões de toneladas prevista pela Bolsa de Cereais. A definição desse número vai dar um direcionamento mais claro sobre os preços em Chicago. Com a seca que o país enfrenta, essa é uma projeção otimista, mas que ainda não pode ser descartada”, pontuou.
Trigo
Após duas quedas consecutivas, o preço do trigo subiu na bolsa de Chicago. Os contratos do cereal para março, os de maior liquidez, avançaram 0,10%, a US$ 7,8150 por bushel. Os preços encontraram suporte nos problemas da oferta no Hemisfério Sul. O corretor Marcelo de Baco, que atua no mercado de trigo, cita a quebra na safra da Argentina e a piora na qualidade do trigo australiano como dois dos indícios de restrição da oferta.
Também está no radar dos investidores a finalização do plantio da safra de inverno 2022/23 no Hemisfério Norte. Segundo Marcelo de Baco, o volume de chuvas ficou abaixo do esperado em outubro, o que pode comprometer o rendimento das colheitas em março do ano que vem.