Marino Mangialardo tem um sítio de 90 hectares em Duartina, centro-oeste paulista.
A colheita do café na propriedade já era para ter terminado, mas por causa da falta de mão de obra, a previsão é que ela se estenda até o fim do mês.
Cícero Rodrigues de Lima conta que alguns colegas desistiram do trabalho. Mário dos Reis ainda vê vantagens em trabalhar no campo. Hoje, ele ganha R$ 20 por saca de 60 quilos colhida.
Um estudo feito pelo Instituto de Economia Agrícola, mostra que o rendimento dos safristas da região de Jaú foi o que teve maior aumento no estado de São Paulo no último ano. A alta foi de quase 26%. A diária em abril variou de R$ 30 a R$ 60.
O representante do sindicato dos Empregados Rurais, José Luiz Stefanin Júnior, diz que o aumento tem explicação. “Foi extinta a terceirização, o que acabou também ajudando muito esse fator da melhora do ganho”.
Ainda segundo o presidente do Sindicato, o aumento nas fiscalizações do Ministério do Trabalho e do Ministério Público do Trabalho inibiu a contratação informal, o que também ajudou a reduzir a oferta de mão de obra e melhorar os salários.
Para o vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo, Maurício Lima Verde, apesar da diminuição da mão de obra, hoje ela está mais qualificada.
Da roça, esses trabalhadores estão buscando oportunidades em setores como a construção civil. Em uma construtora em Ourinhos, 80% das pessoas que buscam uma oportunidade no mercado de trabalho são ex-trabalhadores rurais.
Ana Cláudia de Paiva deixou o serviço na roça para trabalhar no almoxarifado da empresa. “Eu acredito que não é só o campo que está mudando, acredito que é o pessoal que está querendo mudar de vida também, né?”.