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Carbono Zero

Embrapa debate estratégias para descarbonizar a agricultura brasileira

O Mapa está buscando desenvolver um modelo de comércio voluntário de carbono, a partir do estabelecimento de diretrizes mínimas para mitigar a emissão de GEEs e acumular esse carbono

Embrapa debate estratégias para descarbonizar a agricultura brasileira

O programa nacional sobre cadeias produtivas descarbonizadas está sendo finalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que concluiu consulta pública sobre o tema no dia 13 de maio de 2022. A caracterização de produtos dessas cadeias está sendo organizada em eixos, de acordo com Alexandre de Oliveira Barcellos, da Secretaria e Desenvolvimento Sustentável de Irrigação e Inovação do Mapa, que apresentou palestra no painel Descarbonização dos sistemas de produção de soja: avanços e perspectivas, neste dia 18 de maio, durante o IX Congresso Brasileiro de Soja e do Mercosoja 2022, eventos realizados pela Embrapa Soja, de 16 a 19 de maio, em Foz do Iguaçu (PR)

Modelo – O Mapa está buscando desenvolver um modelo de comércio voluntário de carbono, a partir do estabelecimento de diretrizes mínimas para mitigar a emissão de gases de efeito estufa (GEEs) e acumular esse carbono. ”Nosso papel é criar protocolos para mensurar as melhorias no sistema produtivo – com base em conhecimento científico – confirmando se o carbono foi mitigado ou acumulado no sistema”, destaca.

Eixos – Os três eixos da proposta estão focados em incentivar estratégias de mitigação da emissão de GEEs. “Neste caso, são produtos que adotam componentes de produção que mitigam a emissão como por exemplo, a semeadura de soja em plantio direto, sistema que reduz a pegada de carbono, portanto, diminui as emissões”, explica Barcellos. Outro eixo está ancorado no favorecimento de acúmulo de carbono no solo, por meio de práticas conservacionistas como Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta.

Ações – Segundo Barcellos, há ainda as ações que favorecem o estoque de carbono no solo, modelo que passa pela agricultura, mas está mais focado no processo industrial. Neste caso, a proposta é converter, por exemplo, CO2 da biomassa da produção de etanol de milho em líquido para ser injetado em camadas profundas do subsolo. “É o que denominamos de despetrolização do processo, porque estaremos estocando carbono em profundidade”, explica Barcellos.

Tecnologias para mitigar GEEs em soja – Durante o painel, Marcela Paranhos, da IDH -The sustainable Trade Initiative – abordou as oportunidades de agregação de valor a produtos baixo carbono/carbono neutro. Por outro lado, o professor Cimélio Bayer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, enfatizou o uso de tecnologias de manejo do solo para mitigação de GEEs em sistemas de produção de soja.

Minimização – Mesmo com as probabilidades de aumento do aquecimento global e de mudanças na distribuição de água, o professor entende que a agricultura pode minimizar os impactos negativos das mudanças climáticas adotando práticas sustentáveis. As alternativas passam pela redução nas emissões de dióxido de carbono, óxido nitroso e metano e aumento na fixação de carbono no solo. “As estratégias de mitigação devem estar ancoradas na máxima eficiência no uso de insumos – fertilizantes e defensivos para tratamento fitossanitário – e racionalização nas operações agrícolas”, defende. “É preciso buscar equilíbrio entre as emissões e o sequestro de carbono deixando positivo o balanço no processo produtivo”, explica.

Diversificação de culturas – Bayer defende que quanto maior a quantidade de resíduo adicionado, maior o carbono acumulado no solo. Neste sentido, a diversificação de culturas e o plantio direto são práticas que favorecem o acúmulo de carbono, ao contrário do solo que é deixado em pousio. Na palestra, o professor compartilhou ainda resultados de pesquisa, realizados no Paraná e em Mato Grosso, em que as práticas conservacionistas, além de favorecer o sequestro de carbono, aumentam a produtividade da soja e melhoram a qualidade dos solos ao longo do tempo. “O foco do produtor é a produtividade, mas ao adotar o sistema de plantio direto e não o convencional, por exemplo, está atuando também na redução da pegada de carbono na cultura da soja, o que é muito positivo”, enfatiza. (Assessoria de Imprensa da Embrapa Soja)