A institucionalização da Embrapa em 1973 resultou da forte convicção, na época, de que se tornava fundamental ao País criar tecnologias próprias para o ambiente tropical, enquanto estratégia vital para o desenvolvimento e a transformação da agricultura no Brasil. Para criar essas tecnologias a Embrapa manteve sólidos laços de cooperação técnica com avançados centros de pesquisa no mundo. Graças a essa iniciativa e à criatividade dos seus pesquisadores, o Brasil é hoje reconhecido como o maior provedor de tecnologia agrícola para os países de clima tropical. Por esta razão, nos últimos anos, países situados nos trópicos passaram a considerar a Embrapa como o principal repositório de conhecimentos para a agricultura tropical.
No contexto da agricultura internacional os problemas alimentares, as questões relacionadas com o aquecimento global, a demanda de novas fontes de energia, a sustentabilidade ambiental dos sistemas de produção agrícola, entre outros aspectos, têm chamado a atenção das nações e dos organismos internacionais e, em decorrência, atraído fortes investimentos em pesquisas e em desenvolvimento tecnológico, o que, além de requerer ações integradas das instituições de pesquisa, exige maior e mais eficiente interação entre os maiores centros de pesquisa agropecuária do mundo. Surge, portanto, uma grande perspectiva de desenvolvimento da cooperação bilateral e multilateral a ser politicamente oferecida pelo Brasil e administrada tecnicamente pela Embrapa, dentro de uma agenda de política externa de cooperação e assistência em três níveis estratégicos: (i) uma agenda humanitária e social; (ii) uma agenda de transferência de conhecimentos; e, (iii) uma agenda de abertura e ampliação do agronegócio, vinculado ao alargamento da base técnica e da competitividade.
O termo Embrapa Internacional (EI) vem a cada dia sendo mais utilizado por pessoas e instituições, mas na verdade institucionalmente não existe uma Embrapa Internacional. Embrapa Internacional é um “nome de fantasia” que representa as ações de coordenação da ARI (Assessoria de Relações Internacionais) na área internacional da Empresa. Neste contexto, justifica-se o fortalecimento do intercâmbio de novos conhecimentos com instituições nacionais e internacionais, e essa posição de destaque reforça a necessidade constante de interação com os mais avançados centros de pesquisa agrícola do mundo. Nessa perspectiva, a Embrapa ganha um valor estratégico que vai além da função puramente de suporte ao desenvolvimento científico e tecnológico da agropecuária e da agroindústria nacionais, tornando-se um dos principais instrumentos de implementação da estratégia traçada pela política externa do Brasil.
Atualmente, as ações e a presença internacional da Empresa aumentam a cada ano, e os pesquisadores da Empresa têm apoiado muitos países em várias regiões do mundo, prestando cooperação técnica e recebendo pesquisadores em nossas unidades. Participam de pesquisas de ponta nos laboratórios no exterior, apóiam a política externa brasileira participando em projetos financiados pela Agência Brasileira de Cooperação – ABC. É neste contexto que a Embrapa Internacional, organizada sob a supervisão da ARI, em conjunto com os Articuladores Internacionais das Unidades, torna-se importante e estratégica como coordenadora e facilitadora das ações internacionais das Unidades centrais e descentralizadas.
*Francisco Elias Ribeiro é pesquisador e articulador internacional da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, Sergipe.