Redação (08/03/06) A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 40 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, recebeu hoje, das 10 às 12h00, a visita do Ministro da Agricultura e Pecuária do Equador, Pablo Rizzo, acompanhado do presidente da Union Nacional de Caicultores del Ecuador, Astolfo Pincay, e de uma comitiva formada por cerca de 20 empresários daquele país. O objetivo foi conhecer o programa de agroenergia brasileiro e discutir projetos em cooperação nessa e em outras áreas de pesquisa agropecuária. O interesse principal da comitiva equatoriana é o uso de alternativas energéticas para produção de biocombustíveis.
Eles foram recebidos pelo Diretor Executivo da Embrapa, Geraldo Eugênio de França, que apresentou o tema Matérias primas para produção do biodiesel, priorizando alternativas, e pelo Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, que falou sobre as linhas de pesquisa desenvolvidas na Unidade, com ênfase no intercâmbio de espécies vegetais entre países e na biotecnologia, principalmente no biorreator, um equipamento desenvolvido e patenteado pela Unidade, capaz de clonar mudas de plantas com muito mais segurança, economia e produtividade e que, por isso, despertou o interesse dos empresários equatorianos.
Hoje já existem trabalhos em conjunto entre a Embrapa e o INIAP Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria, no Equador, mas o objetivo é estreitar essa parceria e estende-la para a área de agroenergia.
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Os biocombustíveis representam uma alternativa muito positiva para os países do Terceiro Mundo porque resultam em ganhos ambientais; economia e melhorias sociais, pois muitas vezes são desenvolvidos a partir de culturas relevantes para a agricultura familiar. No Brasil, como explicou o Diretor Executivo da Embrapa, a meta é que a partir de 2013, o uso de 5% de biodiesel seja obrigatório.
A Embrapa, em parceria com outras instituições de pesquisa e universidades brasileiras, vem estudando o potencial de diversas culturas agrícolas para serem utilizadas como biocombustíveis. As principais são: soja, mamona, dendê girassol e babaçu.
Prioridades para a cooperação Brasil e Equador
O Equador conta hoje com uma área de cerca de 200 mil hectares plantada com dendê e, por isso, tem nessa cultura, especial interesse para a produção de biodiesel, em substituição aos derivados de petróleo.
A cana de açúcar para produção de álcool também é uma prioridade para os empresários equatorianos e, por isso, outra possibilidade concreta de cooperação entre os dois países é o intercâmbio de variedades de cana com características melhoradas. Existem hoje mais de 50 cultivares de cana sendo utilizadas no Brasil e, pela alta adaptabilidade dessa cultura às condições ambientais, as chances das variedades serem eficientes no Equador são promissoras, como avalia o Diretor Executivo da Embrapa. Atualmente, 65% do cultivo de cana-de-açúcar e cerca de 80% da produção de açúcar e álcool estão concentrados na região sudeste e sul, principalmente em São Paulo e Paraná, de onde vem também a maior parte da tecnologia existente nessa área, ressalta Geraldo Eugênio. Entretanto, as variedades desenvolvidas na região nordeste, principalmente em Pernambuco e Alagoas, são muito produtivas em função da tradição da região com essa espécie. São quase 500 anos de cultivo, enfatiza.
Uma outra linha de pesquisa potencial para cooperação futura com o Equador é o desenvolvimento de plantas transgênicas de cana-de-açúcar com resistência a pragas agrícolas. Segundo o Chefe Geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, estão sendo iniciadas na Unidade pesquisas para produção de variedades de cana com genes de Bt (Bacillus thuringiensis) para resistência a lagartas e besouros.
