O setor agropecuário do Brasil enfrenta mais um momento de alerta devido à ameaça da influenza aviária, uma doença causada por subtipos altamente patogênicos do vírus. O Ministério da Agricultura e Pecuária declarou estado de emergência zoossanitária em todo o país após a detecção da infecção pelo vírus H5N1, de alta patogenicidade, em aves silvestres. A medida foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (22), através da Portaria nº 587.
A influenza aviária é uma doença grave, causada por um vírus, que pode ser fatal para as aves. Portanto, é obrigatório notificar imediatamente os órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal. A doença foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil em 15 de maio, em duas aves marinhas da espécie trinta-réis-de-bando e em uma ave migratória da espécie atobá-pardo, na costa do Espírito Santo. Novos casos foram registrados no último final de semana, incluindo um no estado do Rio de Janeiro.
Especialistas ressaltam que, apesar da presença do vírus em aves marinhas, o Brasil não perdeu o status de país livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade, e o comércio internacional deve ser mantido. No entanto, o estado de alerta deve ser mantido e as medidas de prevenção devem ser intensificadas.
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A preocupação se deve principalmente ao impacto da doença na avicultura, tanto em termos econômicos para o país quanto para os pequenos avicultores. Everton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, alerta que se a doença atingir os plantéis comerciais do Brasil, isso pode ter um impacto significativo na produção e na vida dos produtores. Ele ressalta que a influenza aviária não é um problema exclusivo da avicultura industrial, mas sim um desafio para toda a avicultura, já que a doença é letal para as aves. Os pequenos avicultores, em particular, correm o risco de perderem sua produção, o que muitas vezes significa perder sua subsistência.
Atualmente, o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, atendendo a 145 países, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Somente em 2022, o país exportou 4,822 milhões de toneladas de carne de frango. Em termos de produção de carne de frango, o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, com 14,524 milhões de toneladas em 2022. Krabbe ressalta que a avicultura é uma atividade que emprega muitas pessoas e, portanto, requer atenção especial neste momento, com barreiras para impedir a propagação do vírus.
Biossegurança como medida essencial
Mas como evitar a entrada da doença no país e proteger nossa produção e nossos avicultores? Essa é a pergunta que tem sido respondida pelos especialistas da Embrapa Suínos e Aves nas últimas semanas. A resposta está na biossegurança, que envolve uma série de medidas e estruturas para proteger os plantéis e reduzir os riscos sanitários nas granjas. Essas regras se aplicam a todos os sistemas de produção, desde o comercial e industrial até o colonial. Luizinho, pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, destaca que são medidas essenciais para garantir a saúde animal e a segurança alimentar do produtor.
Protegendo as granjas: medidas práticas
Uma das primeiras ações que os produtores devem tomar é proteger as granjas, estabelecendo limites de acesso que dividem a área em “suja”, “interface” e “limpa”. A área suja engloba todo o espaço externo à granja, onde é difícil controlar o fluxo de pessoas, veículos e agentes transmissores. A área de interface inclui a entrada da granja e seu entorno, onde estão localizados os vestiários, escritório, portão de acesso e arco de desinfecção. Já a área limpa é o interior da granja, protegida e sujeita às normas e regras de biossegurança. Medidas de proteção incluem o isolamento da área de produção, instalação de telas antipássaros, uso de um único acesso às granjas, áreas de desinfecção e controle de visitantes, além do uso de água potável de qualidade, livre de acesso direto ou indireto às aves, e cloração da água.
As diretrizes de biossegurança não se aplicam apenas às granjas comerciais, mas também à produção em pequena escala ou de subsistência, pois visam proteger e evitar a propagação de doenças. Os pequenos produtores devem seguir todas as regras de biossegurança, como adquirir aves apenas com Guia de Trânsito Animal (GTA) e Nota Fiscal, garantindo a procedência e a saúde dos animais. Além disso, é essencial proteger os piquetes em criações coloniais, mantendo-os cercados e evitando o livre deslocamento das aves pela propriedade.
Quarentena e monitoramento de aves
Os pesquisadores também orientam os produtores a evitar a introdução de novas aves no sistema de produção. Caso seja necessário, esses animais devem passar por quarentena e ser mantidos isolados dos demais. É fundamental evitar o contato das galinhas e frangos de corte com aves de outras criações, como patos, marrecos ou aves aquáticas de vida livre, pois essas aves podem ser portadoras e transmissoras do vírus.
Identificando sintomas
Os sintomas que indicam a presença da doença no plantel incluem morte repentina de muitas aves em um curto espaço de tempo (menos de 48 horas), falta de coordenação motora, andar cambaleante, inclinação da cabeça, inchaço nos olhos, cabeça, pescoço e articulações das pernas, além de apatia, inchaço da crista e coloração anormal da barbela. Ao identificar esses sinais, o produtor deve entrar em contato com o Serviço de Defesa Agropecuária Oficial de sua região. As aves infectadas devem ser imediatamente isoladas no aviário, e nenhum equipamento ou utensílio deve ser removido do local. É importante trocar de roupas e calçados e tomar banho após o contato com as aves. As roupas e calçados contaminados devem ser colocados em sacos plásticos fechados até a orientação das autoridades sanitárias.
A Embrapa Suínos e Aves preparou uma página especial em seu portal, disponível no site da Embrapa Suínos e Aves, com informações, vídeos, publicações, links úteis, números de emergência e materiais educativos para orientar produtores e a sociedade em geral sobre a influenza aviária.
