Depois de quase 11 anos trabalhando com a criação integrada de perus no Alto Paranaíba, Denaldo Pereira e a mulher Keilismar Fernandes receberam por meio de um oficial de Justiça uma notificação avisando o término do contrato com a indústria de alimentos. “Eu fiquei surpreso porque não fui avisado de nada. Eles têm que indenizar e estão oferecendo R$ 17 mil, mas o investimento aqui foi de R$ 200 mil”, diz.
Keilismar Fernandes reclama das condições que a indústria estipulou no documento que encerra o contrato.
Na produção integrada, os criadores investem na construção dos barracões e na infraestrutura das propriedades e a indústria fornece as aves, ração, insumos e assistência técnica, além de comprar toda a produção a um preço pré-estabelecido.
José dos Reis também reclama da situação. “Sabendo que iam fechar porque pediram que fizéssemos investimentos? Eu gastei quase R$ 90 mil”.
O problema se estende por outros municípios da região. João Batista é de Monte Carmelo, no Triângulo Mineiro, e há cerca de um mês recebeu o comunicado do fim do contrato. “Sem nenhum aviso anterior, nós tínhamos preparado, fizemos investimentos e no último dia, eles deram esse aviso pra gente”.
De acordo com a Associação dos Granjeiros Integrados do Triângulo Mineiro e do Alto Paranaíba, a Agritap, quase 80 criadores de perus estão com os barracões vazios porque a indústria encerrou os contratos de produção avícola integrada.
No documento enviado para os criadores, a indústria justifica que o término dos contratos se dá por conta de redução na produção diária na fábrica de abatedouros em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
O presidente da associação, José Gaspar de Faria, faz um alerta para os criadores. “Estamos orientando para que não assinem nada antes de consultar alguém sobre os devidos direitos”.
A BRF informa que cumpre todas as obrigações assumidas em contrato com os produtores integrados e que a decisão de descontinuar a parceria se deve à queda de demanda, especialmente no mercado internacional.
A empresa reforça que o comunicado foi feito no mês de maio à associação dos granjeiros e afirma ainda que todos os produtores serão ressarcidos de acordo com os valores estabelecidos em contrato.