A falta de chuva que tanto preocupa o Sudeste não chegou a afetar os reservatórios gaúchos, que permanecem em níveis elevados para este período. Mas serve de alerta.
O Rio Grande do Sul não é capaz de produzir toda a energia que utiliza e é obrigado a importar boa parte do que consome de outras regiões. A demanda máxima prevista para o verão de 2015 é de cerca de 7,1 mil megawatts (MW), enquanto a capacidade instalada chega a 4,4 mil MW. No pico, o Estado consegue gerar 63% do que consome.
Os leilões de energia realizados em novembro passado trouxeram boa perspectiva para o setor. Com investimento total de quase R$ 5 bilhões, dois empreendimentos de geração – uma usina térmica a carvão, em Candiota, na Campanha, e outra a gás, em Rio Grande, na Zona Sul – devem sair do papel até 2019. No caso da térmica a carvão, o Estado, que tem cerca de 80% das reservas do mineral no Brasil, não era contemplado com iniciativa do tipo desde 2005.
Outro investimento – de mais R$ 2,7 bilhões em geração de energia eólica na Região Sul – também é promissor. O complexo Campos Neutrais, que abrange os parques eólicos Chuí, Hermenegildo e Geribatu, em Santa Vitória do Palmar, somará capacidade instalada de 583 MW.
O Estado patina quando o assunto são pequenas centrais hidrelétricas (PCH) – usinas com capacidade instalada entre 1 MW e 30 MW. Segundo o coordenador do grupo temático de energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Edilson Deitos, há pelo menos 64 PCH paradas devido a empecilhos ambientais, de legislação ou outras exigências.
– É uma energia confiável em termos de fornecimento e distribuição. Ou seja, as centrais estão localizadas em diversas regiões e não estão centralizadas, como é o caso de uma usina de maior porte – afirma Deitos, que garante ter pronto um programa de desenvolvimento para a energia do Estado para apresentar ao governador.
O representante da Fiergs critica a demora da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) na liberação de empreendimentos. Isso faz com que seja necessário investir em térmicas para atender à demanda de energia mais rapidamente, o que traz reflexos intensos ao ambiente e na economia, com o custo transferido para as contas de luz, explica.