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Estrutiocultores questionam preço do casal de ave

<p>O Programa Avestruz do Ceará quer incentivar a criação de avestruz por agricultores familiares em municípios cearenses.</p>

Redação AI (22/06/07) – O Programa Avestruz do Ceará, lançado no último dia 9, está causando polêmica entre os criadores das aves, já atuantes no Estado. Através do programa, a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) do Ceará quer incentivar os pequenos produtores a incrementarem a renda mensal investindo na criação de avestruzes em suas propriedades.

O programa conta com o investimento total de R$ 2,76 milhões, oriundos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), e R$ 2,55 milhões do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O casal de aves adultas está sendo cotado a R$ 6 mil, pelo financiamento ofertado pelo programa.

Após reportagens publicadas pelo Diário do Nordeste, datadas do último dia 8, e intituladas “Avestruz para Agricultores” e “Experiências anteriores servem de alerta”, o assessor técnico do programa, Tadeu Lavor, da SDA, recebeu várias ligações de produtores interessados em participar, como fornecedores das aves.

Porém, os criadores questionam o valor do financiamento de R$ 6 mil, para o casal de avestruzes, destinados aos pequenos produtores. “Esse preço não existe no mercado. Nós, criadores, venderíamos um casal a partir de mil reais”, afirma Kátia Gonçalves, há 4 anos como criadora no Estado.

Animais adultos

Kátia Gonçalves, juntamente com os criadores Antônio Josimir Holanda Ramos, Fabrício de Pontes Goes e Pedro Colaço, após conheceram o programa pelas reportagens do Diário do Nordeste, entraram em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), propondo a venda de casais por preços que variam de R$ 1 mil a R$ 2,5 mil, mas a SDA não aceitou as propostas apresentadas.

O assessor técnico do Programa, Tadeu Lavor, explica que o preço de R$ 6 mil foi definido porque os animais a serem comprados deverão ter 36 meses de idade. “Um animal de 3 anos está pronto para a reprodução e é mais caro do que um animal de, por exemplo, 1 ano de idade”, defende Lavor. Os criadores concordam com o preço maior, a partir da idade do animal mas, mesmo assim, dizem vender mais barato. O estrutiocultor, Antônio Josimir Holanda Ramos, por exemplo, garante que vende um casal de aves de 3 anos de idade por apenas R$ 2,5 mil.

Além da idade da ave, a SDA exige outros requisitos que justificam a cotação maior. “Além disso, os requisitos às quais a empresa vendedora das aves deve responder são vários. Assim, ela precisa estar registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e ter uma certificação sanitária, expedida pelo órgão, comprovando que o criatório se encontra livre de doenças como Newcastle, salmonela, micoplasma e influenza aviária”, afirma Tadeu Lavor. O assessor ainda acrescenta mais exigências do programa. A empresa precisa ter abatedouro, encubadora e frigorífico próprios.

Requisitos atendidos

“Ainda não foi definida a empresa integradora do projeto, mas é provável que seja a Aravestruz, com sede em Sobral, por ela corresponder a todos esses requisitos determinados pelo programa”, ressalta. “Porém, qualquer empresa que também corresponda a esses requisitos pode vender avestruzes para o programa, e nós pagaremos os R$ 6 mil”, garante Tadeu Lavor.

Porém, de acordo com ele, no Ceará existem apenas três produtores cearenses de avestruz que cumprem as primeiras duas exigências: a Aravestruz, de Sobral, a Cocecal, de Beberibe, e a Fazenda Canhotinho, em Quixeramobim. Mas nos últimos dois casos, os outros requisitos não são cumpridos.

“Nos últimos três anos, participei de várias reuniões de cooperativas do setor, alertando os produtores para a falta de registro no Ministério da Agricultura. Infelizmente muitos desses criadores ainda não solicitaram ou conseguiram o documento”, explica Lavor. “Sem isso não podemos incluí-los no programa”, conclui.

Porém, de acordo com o criador Antônio Josimir, é difícil conseguir o registro do Mapa. “Nós, criadores, já solicitamos uma visita na nossa propriedade para que ela possa ser avaliada para o registro mas, até o momento, ainda não aconteceu a vistoria. Precisamos esperar muito para nos adequar a todos esses critérios que a SDA propõe”, conclui.