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Etanol

Etanol brasileiro tem trajetória de sucesso

País bate recorde na produção do biocombustível, amplia frota de veículos flex-fuel e contribui para preservação do meio ambiente.

O Brasil é o maior produtor de etanol de cana-de-açúcar do mundo. Na safra atual, deverá gerar 28,5 bilhões de litros do combustível, recorde que representa 150% mais que o registrado há uma década. Com a criação do programa Pró-Álcool, em 1973, foram estabelecidas políticas de industrialização e comercialização do etanol para combustível, marcando o início da era dos veículos movidos a etanol no mercado automobilístico brasileiro. Foi um período decisivo para a produção e demanda em larga escala do combustível limpo e renovável, em substituição aos fósseis.

A excelência brasileira na produção de etanol motivou, ainda, o desenvolvimento de novas tecnologias com o uso do combustível. Atualmente, dez montadoras multinacionais produzem quase 100 modelos diferentes de carros flex (movidos a gasolina ou etanol) no Brasil. “O etanol brasileiro é de alta qualidade, aumenta a potência do motor em mais de 10%, sem apresentar risco”, explica o coordenador-geral de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cid Caldas. Ele informa que o consumo de etanol já superou o de gasolina em veículos leves no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 86% dos veículos leves vendidos no Brasil hoje têm motor flex fuel.

Sustentabilidade – Um dos grandes desafios atuais é a questão climática, que tem algumas de suas origens ligadas ao setor energético. Especialistas do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) afirmam que o alto percentual dos Gases Efeito Estufa (GEE) vem, em grande parte, do uso de combustíveis fósseis. É o caso de aproximadamente 85% da energia mundial. Pouco mais de 15% do mix global de energia é renovável.

Para incentivar a produção de cana-de-açúcar e garantir a proteção do meio ambiente, o governo instituiu, em setembro de 2009, o Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAECana) que indica as áreas aptas para a expansão da cultura e restringe áreas de preservação ambiental, também torna a produção de etanol ainda mais eficiente, melhorando o comprovado benefício ambiental do biocombustível produzido a partir da cana-de-açúcar. Segundo Cid Caldas, o etanol de cana reduz em até 90% a emissão de GEE, quando comparado à gasolina. Cálculos do Ministério das Minas e Energia apontam que a utilização de etanol nos últimos 30 anos no Brasil evitou a emissão de 850 milhões de toneladas de CO2.

A primeira etapa da produção do etanol consiste na lavagem e moagem da cana, com esmagamento por rolos trituradores. Após essa fase, 70% torna-se caldo e 30% bagaço, aproveitado como energia em indústrias e rede pública. O caldo é levado para grandes tanques, misturado com um fermento específico e destilado, resultando no etanol hidratado, líquido com 96% de álcool, comercializado em postos de combustíveis. Parte do produto passa por um processo de desidratação, formando o etanol anidro (mais de 99,5% de álcool), que é misturado à gasolina como aditivo de 25%. Os dois tipos de etanol são armazenados até a distribuição para venda.

Segundo o coordenador do Mapa, as perspectivas para o etanol se tornar uma commodity são animadoras e o governo tem se esforçado para isso. “Considerando o cenário de aumento da demanda energética e a ampliação das restrições ambientais, diversos países demonstram interesse em produzir e consumir etanol”, diz Caldas. Além disso, o avanço tecnológico para incremento da produtividade deve ampliar o número de matérias-primas para o etanol, o que significa dizer que, quando for possível extrair o biocombustível de novas fontes de biomassa, outros países poderão tornar-se produtores.

“Nesse sentido, com a ampliação dos países que produzem e consomem o etanol, não há dúvidas de que se tornará uma commodity. Governo e iniciativa têm seu papel na disseminação da exitosa experiência do Brasil neste tema”, complementa. São exemplos os acordos de cooperação já firmados com outros países, além do intercâmbio entre órgãos de governo e empresas privadas.

Etanol – Em todo o mundo, o álcool combustível é conhecido como etanol. Há pouco tempo, o Brasil não empregava essa nomenclatura. Em abril do ano passado, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) determinou, por meio de resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU), a utilização do termo “etanol” pelos postos revendedores de combustíveis em todo o País. Hoje, o consumidor brasileiro já encontra o nome etanol em quase todas as bombas.

Grande parte dos postos de venda de combustível já aderiu à medida. “O objetivo é padronizar a nomenclatura brasileira à utilizada internacionalmente para designar os biocombustíveis. Isso facilitará a promoção do biocombustível no exterior”, observa o coordenador de Açúcar e Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luís Carlos Job. Ele acrescenta que a substituição tem outro aspecto importante, que é desvincular a imagem do combustível ao álcool bebida.

Origem – O etanol é uma substância orgânica obtida pela fermentação de açúcares, como a sacarose do caldo da cana-de-açúcar, por meio de processos sintéticos. O etanol é um líquido incolor, volátil, inflamável, solúvel em água, com cheiro e sabor característicos, que pode ser produzido por meio de outras fontes de biomassa, como o sorgo, trigo, madeira, além da cana-de-açúcar.

O etanol combustível, produzido a partir de cana-de-açúcar, ganhou visibilidade por ser uma energia limpa, sustentável e capaz de substituir a gasolina. O Brasil é o único país que possui uma ampla frota de veículos bicombustíveis, demandando distribuição de etanol em larga escala. Mas até chegar aos veículos, o produto percorre um longo caminho. Tudo começa nas usinas, sendo transportado por ferrovias, rodovias, hidrovias ou polidutos para os postos de revenda de combustíveis, que levam o produto até o consumidor final.