Por Bruno Blecher
Em julho de 2023, as montanhas de milho a céu aberto, espalhadas pelas fazendas do Centro-Oeste, viraram manchete do Jornal Nacional. Agora, os campos do Paraná estão cobertos de enormes linguiças brancas, os silos bag, cheios de grãos que não couberam nos armazéns abarrotados das cooperativas e fazendas.
A culpa foi do produtor, que novamente colheu uma safra recorde de grãos. Dessa vez, 322,8 milhões de toneladas, volume 18,4% superior ao da safra anterior (2021/2022). Foram 50 milhões de toneladas a mais do que em 2022.
A supersafra derrubou os preços, levando os produtores a lotar os silos e improvisar a guarda dos grãos em bolsas de lona, à espera de preços melhores no mercado. Enquanto a produção de grãos cresce em média 9,4 milhões de toneladas ao ano, a capacidade de armazenagem aumenta só a metade disso (4,8 milhões de toneladas ao ano), de acordo com os dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas).
Em 2023, o deficit de armazenagem chegou a 118 milhões de toneladas, 35 milhões a mais do que em 2022.
Uma pesquisa elaborada pela Esalq-Log (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial), sob encomenda da CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil), mostra que a capacidade de armazenagem total de grãos nos Estados Unidos é de cerca de 660 milhões de toneladas (2021); no Brasil, está em torno de 200 milhões de toneladas. A maior parte dessa capacidade está nas próprias fazendas norte-americanas (53,4%), enquanto no Brasil essa participação é de só 15%.
Uma pesquisa elaborada pela Esalq-Log (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial), sob encomenda da CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil), mostra que a capacidade de armazenagem total de grãos nos Estados Unidos é de cerca de 660 milhões de toneladas (2021); no Brasil, está em torno de 200 milhões de toneladas.
A maior parte dessa capacidade está nas próprias fazendas norte-americanas (53,4%), enquanto no Brasil essa participação é de só 15%. Dos 1.065 produtores entrevistados pela CNA, 61% disseram não ter armazéns na fazenda e 70% declararam interesse em interesse em investir nessa infraestrutura. Dentre os que têm silos, 41% lucraram de 6% a 20% a mais nas últimas 3 safras.
O que impede o produtor de investir em armazenagem são as altas taxas de juros. O PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns), do BNDES, oferece financiamentos com juros de 7% a 8,5% ao ano. O banco também tem um programa para cooperativas, com linha de crédito de até R$ 150 milhões, com juros de 11,5% ao ano no prazo de 10 anos.
O PCA conta com R$ 6,6 bilhões, mas o Brasil precisaria investir R$ 15 bilhões para dar conta do aumento das safras.
Além de possibilitar ao produtor a escolha do melhor momento para vender a sua safra, o investimento em silos melhora a qualidade e a classificação dos grãos e possibilita a redução dos custos de transporte, evitando escoar a produção em meses de safra, quando os fretes alcançam o pico dos preços.