O preço dos produtos agrícolas e da carne deve aumentar na próxima década, devido ao abrandamento da produção conjugado com o aumento da procura e um ambiente macroeconómico favorável, segundo as ‘Perspetivas Agrícolas 2013-2022’ da OCDE e da FAO.
De acordo com o relatório, os preços da carne, peixe e biocombustíveis devem subir mais do que os dos produtos agrícolas primários, devendo os preços médios dos cereais, oleaginosas, açúcar e algodão manter-se relativamente estáveis face aos dez anos anteriores, quando se bateram vários recordes desde 2007.
A inflação dos preços da alimentação deve aliviar, mas com os gastos em comida a representar entre 20 a 50% dos orçamentos familiares em muitos países em desenvolvimento, sendo que um valor acessível continua a ser uma preocupação em termos de segurança alimentar.
A produção agrícola mundial deve crescer 1,5% ao ano em média comparativamente aos 2,1% da década anterior, refletindo o aumento dos custos, maiores condicionantes aos recursos e as crescentes pressões ambientais.
A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) preveem também um abrandamento na expansão da produção agrícola a médio prazo, devido à diminuição das áreas cultiváveis e da produtividade.
Nos países em desenvolvimento antecipa-se um aumento da produção, sobretudo nas economias emergentes que investiram nos seus setores agrícolas e em tecnologias com potencial para alcançar os níveis de produtividade das economias avançadas.
O consumo vai também aumentar, mas de forma mais lenta, estimulado pelo crescimento da população, aumento do rendimento disponível, urbanização e alteração das dietas alimentares, prevendo-se uma expansão mais rápida na Europa de Leste e Ásia central, seguindo-se a América latina e o resto da Ásia.
O crescimento do consumo de carne ‘per capita’ vai afrouxar à medida que as economias em desenvolvimento atingem os níveis dos países mais avançados, mantendo-se as aves como a escolha mais barata e popular, correspondente a cerca de 50% do aumento do consumo de carne.
A produção de leite vai aumentar a um ritmo mais lento na próxima década, face aos elevados custos da alimentação para animais, competição das pastagens com outros usos da terra e escassez de água.
As quebras na produção, volatilidade dos preços e interrupções temporárias das trocas comerciais continuam a ser uma ameaça à segurança alimentar mundial, sublinha ainda o relatório.