O mercado de carne de frango obteve em 2010 ganhos resultantes do crescimento do mercado interno e da recuperação econômica internacional. No front doméstico, houve aumento da atividade econômica e da renda do brasileiro, que se traduziram em demanda aquecida. Os preços tanto do frango vivo como da carne atingiram as máximas da série do Cepea, iniciada em janeiro de 2004.
Em relação ao cenário externo, o início da recuperação econômica dos principais compradores da carne de frango brasileira favoreceu os preços e também recorde de volume exportado, mesmo com o Real valorizado. Os preços ainda se aproximam dos patamares de 2008, mas 2010 foi o segundo melhor ano da história em termos de receita com exportação de carne de frango.
De modo geral, o final de 2010 foi positivo para o setor, mas o primeiro semestre foi marcado por dificuldades. O preço da carne de frango não encontrava sustentação no mercado interno. Até o final de julho, por exemplo, o preço do congelado caía 11% sobre o encerramento de 2009, ao passo que a carne bovina já apresentava um ganho de 4% e a suína tinha uma leve alta de 1%.
O principal entrave era a oferta de carne acima da demanda. Uma medida legal teve especial impacto sobre esse volume. No dia 12 de fevereiro de 2010, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), suspendeu a elaboração e comercialização de carne de frango temperada. De acordo com o órgão, essa medida foi tomada devido ao grande número de registros de fraudes nos produtos temperados, que se dava pela adição de água em excesso nos produtos. A proibição causou uma reviravolta no mercado devido à necessidade de escoamento dos produtos que estavam em estoque – aumentando a oferta – e também de readequação dos contratos e dos modelos de negociação.
O segundo semestre foi mais favorável para o mercado de frango em geral, mesmo com o aumento dos preços do milho. O encarecimento do principal insumo foi significativo a partir da segunda quinzena de julho. A saca de 60 kg na região de Campinas (SP) chegou à casa dos R$ 28,00 em novembro, aumento de 39% (nominal) em relação ao mesmo período do ano passado – noutras praças, o pico ficou entre R$ 24,00 e R$ 26,00/sc.
Apesar disso, as altas no preço da carne e, conseqüentemente, do animal vivo, ajudaram o avicultor a recuperar parte do seu poder de compra. Por sua vez, o aquecimento da demanda por frango esteve atrelado aos fortes reajustes da carne bovina, concorrente e principal substitua da de frango.
No acumulado do ano, o preço do frango vivo subiu 29% na média do estado de São Paulo, passando de R$ 1,64/kg em dezembro de 2009 para R$ 2,07 nesse final de mês (até dia 28). No atacado da cidade de São Paulo, o frango congelado valorizou 26% e o resfriado, 20% no acumulado do ano, cotados a R$ 3,49/kg e R$ 3,28/kg, respectivamente, no dia 28.
As exportações também aceleraram nos últimos seis meses, revertendo o cenário baixista do início do ano. Comparando as vendas de dezembro deste ano com as do mesmo período de 2010, a receita aumentou 14,6%, passando de US$ 460,9 milhões para US$ 528,3 milhões.
Mesmo com o início de ano não respondendo positivamente aos anseios do setor, uma vez que a crise econômica do final de 2008 ainda deixava seus reflexos, 2010 fechou com balanço positivo e motivação para um próximo ano de mais conquistas.