Redação AI (08/08/06)- As três fazendas de criação de avestruz sob a responsabilidade da Associação dos Criadores de Avestruz do Triângulo Mineiro (Acatrim) estão em plena produção com mais de 500 filhotes nascidos neste ano e cerca de 1,5 mil aves prontas para o abate, que deverá ser feito em um frigorífico de Uberaba. Após o fechamento da Avestruz Master, em novembro do ano passado, e a posse da diretoria da associação em janeiro deste ano, os negócios estão em franca expansão.
Até o fim do mês, a produção deve chegar a mil filhotes, uma média de 120 animais nascimentos por semana. A média de mortalidade das aves das fazendas é outro indicativo positivo. No Brasil morre aproximadamente 18% nos três primeiros meses de vida, enquanto nas propriedades da Acatrim está abaixo dos 10%. O baixo índice é atribuído às condições de manejo, alimentação e distribuição.
A crise provocada pelo fechamento da Avestruz Master, no ano passado, foi superada parcialmente nas três fazendas da região. A Acatrim não tem vínculo com os demais negócios. Ou seja, tem autonomia para tocar as propriedades. Embora ainda enfrenta problemas de caixa, as unidades da Acatrim contam com aproximadamente 2,5 mil aves adultas. Destas, são 430 casais reprodutores e os demais são de engorda.
O ciclo de postura de ovos das aves vai até outubro. No nascedouro com capacidade para 150 avos ficam incubados por 42 dias e vai resultar em 120 filhotes por semana.
A única dificuldade enfrentada nas propriedades é a venda das aves. Um primeiro lote que estava sendo negociado com uma empresa de São Paulo não foi concretizado. Agora os administradores tentam viabilizar uma nova venda. A maior dificuldade é em função do abate. No País existem apenas dois abatedouros específicos para avestruz. Outros de abate de bovinos fazem adaptações, mas devido uma série de exigência legal nem sempre isso é possível. “A venda das aves não foi concretizada por uma dificuldade de um frigorífico. A empresa teria que transportar as aves vivas e achou que não dava lucro e não honraram a compra”, lamentou Claudionor Cruz, presidente da Acatrim. Ele afirmou ainda que em breve vai começar a fazer o abate em um matadouro de Uberaba que está sendo adaptado para esse tipo de animal. Claudionor Cruz acredita que com isso vai facilitar o comércio das aves, pois o transporte do animal vivo, para São Paulo, por exemplo, é muito dispendioso.
A demora na comercialização gera prejuízos, pois as aves não terão ganho de peso, mas continuam sendo alimentadas. Cada animal consome 1 quilo de ração por dia.
Negócios
O avestruz chega ao ponto de abate, em média com um ano de vida quando atinge cerca de 100 quilos. O preço do animal vivo é R$ 6 por quilo. Mas o veterinário Marcelo Martins de Souza Leite, responsável pelo plantel das três fazendas, explica que pode se lucrar muito mais. Ele exemplifica o couro da ave, que pode chegar a US$ 800 o metro quadrado.
Marcelo Martins, que também é investidor, aposta na recuperação do negócio de avestruz. Segundo ele, o mercado internacional importa 200 mil couros por ano, o que representaria, somente neste segmento, o abate de 200 mil aves. O consumo per capita de carne no Brasil, conforme ressalta Marcelo Martins, ainda é incipiente, porém no Exterior é bem mais significativo. “Este é um negócio a médio e longo prazos. Acredito que a partir de 2008 o mercado vai ser novamente impulsionado”, apontou. Para ele, nos próximos anos haverá uma profissionalização dos negócios, ou seja, grandes empreendedores e não mais de forma pulverizada como há dois anos quando explodiu o negócio.
Investidores
A Acatrim ainda não definiu um plano para restituir os 2.759 investidores da região. Deste total cerca de 80% possuem menos de três aves. Segundo o presidente da associação, estes serão os primeiros a serem ressarcidos. “Nossos negócios estão encaminhados. Não vamos poder pagar o pessoal agora, mas é o nosso plano nosso. É preciso crescer, fortalecer e a hora que tiver um certo volume começar a pagar os investidores, segundo um plano de metas”, reforçou Claudionor Cruz